Bispo e juiz eclesiástico de Formosa estiveram em restaurante de luxo antes de serem presos
Às margens do Lago Sul, em Brasília, um dos lugares mais bonitos da capital Federal,…
Às margens do Lago Sul, em Brasília, um dos lugares mais bonitos da capital Federal, um restaurante de luxo reserva uma mesa especial. Sentados ao móvel, um bispo, um juiz eclesiástico e mais dois homens quase passam desapercebidos, não fosse um agente disfarçado ter registrado o encontro, pago com dinheiro da Igreja Católica. Pelo menos dois dos que almoçam foram presos na operação do Ministério Público Estadual que revelou o desvio de mais de R$ 2 milhões da Cúria de Formosa.
Um dos restaurantes mais premiados de Brasília, como o próprio site do estabelecimento italiano, foi o local que os agentes de segurança flagraram o bispo de Formosa Dom Jose Ronaldo Ribeiro e o juiz eclesiástico Tiago Wenceslau em um almoço de negócios. O conteúdo da conversa ainda não foi revelado, e os investigadores não informaram se haviam escutas na mesa.
Nas imagens é possível ver que uma garrafa está postada ao centro da mesa. A carta de vinhos da casa oferece mercadoria para todos os gostos — e bolsos. Na adega do estabelecimento, valores giram entre R$ 79 a R$ 800 por garrafa. O cardápio é variado, com peixes, carnes, frangos; afinal, os preços partem dos R$ 69 e o limite vai depender do consumo.
Estimando que cada um dos quatro tenha consumido um filé à parmegiana, uma garrafa de água com gás e tenham pedido ao menos uma garrafa de vinho, o almoço não sai por menos de R$ 400. As investigações apontam que o pagamento saiu dos cofres da Igreja Católica.
Investigações
A apuração do MP-GO iniciou em 2015, quando os fiéis de Formosa denunciaram a falta de prestação de contas e as ostentações com dinheiro da Igreja Católica na casa episcopal. No dia 19 de março a Operação Caifás foi desencadeada. Foram cumpridos 13 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão em três municípios de forma simultânea, sendo nove de prisão e cinco de busca e apreensão em Formosa; três de prisão e quatro de busca e apreensão em Posse; e um de prisão e um de busca e apreensão em Planaltina.
Foi decretado pedido de prisão temporária e de busca e apreensão para os seguintes investigados: Epitácio Cardozo Pereira (Vigário-geral Monsenhor), José Ronaldo Ribeiro (Bispo Diocesano), Duílio Rodrigues Menezes (Secretário de Mitra), Guilherme Frederico Magalhães (Secretário de Mitra), Moacyr Santana ( Padre), Mário Vieira de Brito (Padre), Thiago Venceslau (Juiz Eclesiástico) Antônio Rubens Ferreira, Pedro Henrique Costa Augusto, Edimundo da Silva Borges Junior, Waldson José de Melo (padre).
Recursos
Em audiência de custódia, a Justiça determinou que apenas o bispo, o juiz eclesiástico, cinco padres e um empresário apontado como laranja do esquema permanecessem presos. Nesta semana, bispo José Ronaldo e o juiz Tiago Wenceslau entraram com pedidos de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Supremo Tribunal de Justiça (STJ); ambos foram negados.
No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli assumiu suspeição por motivos pessoais. A ação foi encaminhada para que o ministro Edson Fachin possa conduzir o julgamento. A decisão deve ser tomada após o recesso da Semana Santa no Judiciário.
Carros
A investigação do MP-GO apura a existência de uma frota com 160 carros de luxo. Veículos de até R$ 100 mil estão no nome da diocese de Formosa.
Um dos carros está com registro de roubo no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisional e sobre Drogas (Sinesp), segundo identificado pelo Serviço de Inteligência do MP-GO.