Operação Caifás

Bispo interventor de Formosa pede dispensa de ser testemunha

Justificativa foi de compromisso inadiável, e disse que há um “sigilo de ofício” que lhe impede de “contribuir com a ação”; juiz ainda não tomou decisão se aceita pedido de dispensa

Bispo de Uberaba e Interventor Canônico de Formosa, Dom Paulo Mendes Peixoto pediu dispensa do rol de testemunhas do processo judicial após a Operação Caifás. A ação foi desencadeada pelo Ministério Público Estadual, com base em denúncias de fiéis de que estariam havendo desvios e lavagens de dinheiro da Igreja Católica. O pedido do bispo interventor a mando do papa aconteceu na quinta-feira, 17, por meio de advogado contratado.

O depoimento, agendado pela Justiça para o dia 9 de agosto deste ano, é previsto para acontecer com dezenas de testemunhas que já estão arroladas, mas o bispo interventor apresentou justificativas para não comparecer. “O conhecimento de qualquer situação que envolva qualquer dos réus se deu no âmbito do desempenho das funções canônicas confiadas (desempenhar a intervenção a mando do Santo Padre, enquanto o bispo Dom José Ronaldo Ribeiro estava preso), sendo tais informações revestidas de sigilo de ofício,” pede o religioso, através do advogado.

O documento continua: “Possui compromisso inadiável em sua Arquidiocese de origem, em Uberaba, que durará entre os dias 1º e 15 de agosto,” em uma outra justificativa, e finaliza: “Em eventual insistência na oitiva do peticionante, o que será contraproducente diante do sigilo do ofício, requer-se seja a oitiva realizada por carta precatória na comarca de Uberaba.” Nesse caso, a carta precatória seria encaminhado ao juiz da comarca de Uberaba, em Minas Gerais, para que o juiz intime o bispo a responder os questionamentos emitidos na carta. Ainda não há decisão judicial.

Bispo e membros da igreja forma presos em março e liberados em abril (Foto: reprodução / internet)
Bispo e membros da igreja forma presos em março e liberados em abril (Foto: reprodução/internet)

OPERAÇÃO CAIFÁS
A operação, batizada de Caifás, foi deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), em Formosa, Posse e Planaltina, com objetivo de desarticular uma associação criminosa que desviava recursos da cúria, administração central, da Diocese de Formosa e de algumas paróquias ligadas a ela em outras cidades. Segundo MP, pelo menos R$ 2 milhõesforam desviados da Igreja Católica.

À época, dos 13 mandados de prisão requeridos, nove foram autorizados, os quais somam-se aos 10 mandados de busca apreensão executados. Segundo informações da assessoria de imprensa do MP, nas residências inspecionadas, foram apreendidos dinheiro em espécie, joias e relógios entre outros objetos de valor, os quais seriam frutos das condutas criminosas.

No dia 17 de abril, o bispo de Formosa Dom José Ronaldo Ribeiro teve alvará de soltura expedido após decisão unânime da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), que realizou nova análise do processo seguindo orientação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão do colegiado foi comunicada pela relatora do processo, desembargadora Carmecy de Oliveira.

RETORNOS
O Mais Goiás procurou o escritório do advogado de Dom Paulo Mendes Peixoto, mas as ligações não foram atendidas na tarde desta segunda-feira. Também foi procurada a Arquidiocese de Formosa e de Uberaba, para buscar o bispo José Ronaldo Ribeiro e o próprio bispo interventor, mas as ligações não foram repassadas. O advogado do bispo José Ronaldo não atendeu as ligações e nem respondeu mensagens. A reportagem poderá ser atualizada assim que houver um retorno de alguma das partes citadas.