Bolsa Universitária acumula dívidas e estudantes temem perder benefício em 2019
Programa Bolsa Universitária, mantido pela OVG, está com atraso de sete meses no pagamento. Alunos farão a matrícula sem a certeza que terão o benefício
Em assembleia realizada na última segunda-feira (26), representantes do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg) optaram por permitir as matrículas dos alunos contemplados no Programa Bolsa Universitária (PBU). Eles, entretanto, foram informados de que isso não irá garantir a continuidade do benefício em 2019.
A dúvida sobre a continuidade do benefício se deve ao histórico de dívidas acumulado pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Atualmente o valor gira em torno de R$ 62 milhões, prejudicando universidades e faculdades particulares goianas, com alunos inscritos no PBU.
No mês de setembro, o Mais Goiás noticiou que o atraso no pagamento chegou à época em R$ 60 milhões. Para dezembro, a dívida pode chegar a R$ 82 milhões.
Sindicato cobra respostas
De acordo com Jorge de Jesus Bernardo, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior de Goiás (Semesg), as universidades contam com os valores da bolsa para darem andamento à gestão. “Com a inconsistência de repasses, é preciso recorrer a bancos como alternativas para pagamento de dívidas, impostos e folhas de pagamento. Não temos condição de assumir toda essa responsabilidade sozinhos”, alega.
O presidente do sindicato declarou que tanto OVG quanto a Secretaria da Fazenda (Sefaz) não deram nenhum posicionamento sobre o caso até o momento. “São sete meses sem receber, um absurdo. Os estudantes já estão começando a se mobilizar e organizar algum ato nos próximos dias para cobrarem as devidas providências. Isso é um ‘calote’, mais de 20.000 mil alunos precisam da bolsa”, conclui.
Perda do benefício
A estudante de jornalismo Lorena Santos não sabe como continuará os estudos em 2019 caso a bolsa for cancelada. “O dinheiro que ganho de auxílio no estágio não é suficiente para pagar toda mensalidade. Necessito muito da bolsa universitária pois tenho outras responsabilidades, e a cada semestre a mensalidade da universidade fica maior, o que torna tudo pior”, lamenta.
Lorena ressalta que o programa mantém muitos alunos nas salas de aula. “Sem o benefício, com certeza muitos terão de trancar a matrícula. Ano que vem será meu último ano de estudos, e agora temo ter de parar por não ter como me sustentar. Venho de família pobre e dependendo deste benefício, o governo precisa olhar melhor para a educação no estado”, conclui Lorena.
Histórico
Segundo a OVG, hoje Goiás tem hoje 20 mil alunos beneficiados com o PBU. A bolsa parcial prioriza universitários que têm renda bruta familiar mensal de até seis salários mínimos, e a bolsa
integral contempla alunos com renda bruta familiar de até três salários mínimos. Desde sua criação em 1999, o programa já atendeu mais de 200 mil estudantes em Goiás.
O Mais Goiás fez vários contatos com a OVG, mas, até o fechamento desta matéria, a Organização não deu nenhuma resposta referente aos questionamentos feitos.
*Fabrício Moretti é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo