Chapada dos Veadeiros

Bombeiros continuam buscas por jovem desaparecido após cabeça d’água no Vale da Lua

Militares se deparam com obstáculos em razão do terreno, composto por formações rochosas irregulares

O corpo do arquiteto Jacob Vilar Santana, de 31 anos, desaparecido no Vale da Lua, será sepultado nesta quinta-feira, no Cemitério do Gama.(Foto: Reprodução)

Os bombeiros de Luziânia continuam as buscas pelo homem que desapareceu após cabeça d’água no Vale da Lua, na região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Norte do Estado. Jacob Vilar Santana, de 31 anos, desapareceu no dia 1 de dezembro quando tomava banho em uma das formações rochosas do local. A namorada, que estava com ele na hora do acidente, conseguiu escapar.

A cunhada de Jacob, Verônica Ribeiro dos Santos Vilar, afirma que a família recebeu informação dos bombeiros de que as buscas seriam finalizadas na última terça-feira (17) às 18 horas. No entanto, houve mobilização através das redes sociais, o que motivou o restabelecimento. Ela diz que a família, que está no local desde o desaparecimento do rapaz, se desesperou após receber as informações.

Verônica ressalta que o rapaz já conhecia o local e levou a namorada para conhecer a região. A cabeça d’água teria sido repentina, o que acabou surpreendendo os dois. “Os proprietários nos informaram que os turistas chegaram a ser avisados por gritos e apitos. Mas os dois não ouviram. Acho que deveria ser usado um megafone ou um sonar para algo mais efetivo”, aponta a cunhada de Jacob.

Sobre o suposto cancelamento das buscas, a assessoria dos bombeiros informa que a procura foi suspensa somente no período noturno. A corporação sublinha os trabalhos continuam e não foram interrompidas desde a data do desaparecimento.

Buscas

Sete membros da família de Jacob acompanham o trabalho diário dos bombeiros no Vale da Lua. As buscas se iniciaram no dia seguinte ao acidente. No entanto, os bombeiros encontram dificuldades para avançar. Um dos motivos é a geologia complexa do local, repleto de buracos, além da própria dinâmica das águas, que, no período chuvoso, sobe e desce a todo o tempo.

O subcomandante do 4º Comando Regional de Luziânia, major Juliano Borges, afirma que houve ruído de informações quanto ao fim das buscas ao rapaz. Ele diz a equipe trabalha diariamente no local, com interrupção por volta das 12 horas, quando costuma ter registros de chuvas.

A geologia complexa, associada à dinâmica das águas, provoca correntezas e elevação do volume. Os bombeiros encontram dificuldades sobretudo em acessar todas as frestas, pequenas cavernas e buracos. A equipe conta com três mergulhadores e três militares que fazem as buscas à pé.

Major Juliano acredita que o corpo esteja preso em uma das reentrâncias das pedras do local. Segundo ele, caso tivesse descido rio abaixo, Jacob já poderia ter sido encontrado. “Por isso, focamos no ponto em que ele desapareceu. É possível que esteja preso em local de difícil acesso”, explica.

Segurança

O Vale da Lua possui um sistema de segurança implantado em 2014 que envolve três socorristas nos dias de semana e seis em feriados. No período chuvoso, há um esquema de aviso por rádio, em que um dos socorristas fica na parte mais elevada e avisa aos outros por meio de rádio. Todos tem apitos e agem para retirar os turistas que eventualmente estejam no local no momento de uma cabeça d’água.

No dia do desaparecimento de Jacob o esquema funcionou do mesmo modo, segundo um dos proprietários do Vale da Lua. “O esquema de segurança funcionou. O problema é que o casal estava em um lugar em que não ouviram os gritos e apitos dos socorristas”, diz José Francisco da Silva. No momento do acidente, outros 16 turistas foram retirados do local.

Ele afirma que os socorristas chegaram rapidamente e ainda conseguiram jogar uma corda, que foi o que salvou a namorada de Jacob. Além disso, explica José, existe uma corda de contenção para que os turistas se segurem caso sejam levados pela água.

 “Somos o único lugar da Chapada dos Veadeiros que conta com esse tipo de segurança. Além disso, temos avisos na entrada da propriedade que alertam sobre os perigos das cabeças d’água em período chuvoso”, diz. “Tanto que nunca houve acidente deste tipo por aqui. O que houve foi uma fatalidade, que lamentamos, e estamos dando todo o suporte para a família”.