Bombeiros fazem vaquinha para tratamento de colega com câncer de mama em Goiânia
Alessandra Riad Iskandar, de 37 anos, recebeu em agosto deste ano um diagnóstico de um câncer de mama agressivo, com riscos de se espalhar por todo o corpo
A bombeiro militar goiana Alessandra Riad Iskandar, de 37 anos, recebeu em agosto deste ano um diagnóstico de um câncer de mama agressivo, com riscos de se espalhar por todo o corpo. Ao Mais Goiás, ela relata que passou por momentos muito difíceis e de muito medo da morte. Um dos desafios era a insegurança para custear o tratamento da doença, já que o plano de sáude dela não cobria todos os exames. A fim de ajudar a colega de profissão, outros três bombeiros militares da capital se uniram e fizeram uma vaquinha online. Alessandra se diz feliz com todo o apoio e torce pelo retorno ao operacional. “Eu não sabia que era tão forte assim! Espero voltar logo, pois amo minha farda, amo ser bombeira”, afirma.
Por conta da profissão, Alessandra precisa realizar exames de saúde periódicos e entregá-los ao Comando de Saúde. Ela lembra que em dezembro de 2020 realizou os procedimentos e não encontrou qualquer problema. Porém, oito meses depois, em agosto de 2021, ela diz ter sentido uma sensibilidade no seio direito, o que a motivou a fazer novos exames. Desta vez, os resultados foram diferentes e constataram que a militar possuía um câncer de mama do tipo triplo negativo.
“O câncer triplo negativo é mais agressivo, tem maiores chances de metástase [quando o câncer se dissemina além do local onde começou]. Quando descobri a primeira coisa que me veio à mente foi: ‘Vou morrer. Mas eu não posso, tenho uma filha de três anos! A cada resultado de exame que pegava e, vendo que era mais grave que imaginava, eu desabava'”, lembra Alessandra. Ela diz ainda ter ficado muito surpresa com o diagnóstico, pois não sentia nenhum sintoma. “Como assim? não estou sentindo nada! Não passei mal e nem nada. Será comigo mesmo? Depois chorei por dois dias seguidos”, acrescentou.
Vaquinha online foi feita por bombeiros para ajudar no tratamento de colega com câncer de mama
Ao Mais Goiás, o sargento Lívio Gouveia disse que conhece Alessandra a cerca de 7 anos. Em um dia normal de trabalho, a colega disse que precisava falar com ele sobre algo sério. Em seguida, explicou sobre a doença. “Na hora eu confortei. Fiz o que dava! Mas, a gente trabalha como bombeiro e já ajuda tanta gente, todo dia. Imagine se não ia tentar ajudar ela, uma pessoa que está do meu lado”, afirmou o bombeiro. Logo depois, Gouveia, junto com outros dos amigos, decidiram criar um perfil para arrecadar dinheiro para ajudar a amiga.
O principal objetivo da vaquinha online, segundo o militar, era arcar com os custos de um mapeamento genético. O exame demora quase 2 meses para ficar pronto e ajuda a definir o restante do tratamento. Além disso, o procedimento analisa possíveis casos da doença hereditárias e serve para que o paciente se atente a possíveis problemas de saúde. A idade precoce do aparecimento do câncer de mama, ou seja, antes dos 50 anos, pode ser um indício de um câncer hereditário. Assim como tipos de câncer mais agressivos, como o de Alessandra.
No site da vaquinha, o grupo pede para que as pessoas retribuam toda a ajuda que Alessandra ofereceu pelo trabalho. “Iskandar já ajudou a salvar muitas vidas durante seus 8 anos de serviço. Chegou a nossa vez de retribuir todo cuidado e carinho, ajuda-a a vencer essa batalha”, diz a mensagem.
O pedido deu certo e a campanha viralizou. Em pouco menos de dois meses, a equipe já conseguiu arrecadar R$ 9 mil, com o apoio de mais de 140 pessoas.
‘Não imaginava essa repercussão’, diz bombeiro diagnosticada com câncer de mama em Goiânia
Junto com o diagnósitico do câncer de mama, Alessandra também recebeu muito apoio. Família, amigos, colegas de trabalho e pessoas que ela nunca viu. Isso porque, a vaquinha online desenvolvida pelos bombeiros viralizou. “Eu não imaginava que meu caso teria essa repercussão toda! Isso me assustou um pouco. Mas, estou muito feliz por poder ajudar outras mulheres também”, se anima Alessandra.
Em seu perfil na internet, a militar têm postado vídeos de auto-estima, coragem e, pricipalmente, incentivo aos exames de prevenção ao câncer de mama. Em um dos registros, a militar aparece junto do marido e da filha, que a ajudam a raspar o cabelo. “Meu marido desde o começo me ajudou muito. Resolvi levantar a cabeça e levar pelo lado mais leve. Decidi raspar a cabeça e foi minha filha que o fez”, disse ela com alegria.
View this post on Instagram
Segundo a mulher, por mais dificil que a doença seja, a ensinou a parar e se autocuidar. Agora, a militar deseja repassar a mensagem adiante. “O maior legado para mim é ‘pare’! Olhe mais para você, se cuide mais. Ao menor sinal de alerta, façam exames, façam o autoexame e, sobretudo, SE AMEM!”, encoraja.
*Larissa Feitosa compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira.