Bombeiros registram aumento de 300% em afogamentos no Rio Araguaia
No total, foram quatro óbitos registrados por afogamento, durante as férias de julho em 2019; três a mais que o ano passado; caso mais recente ocorreu neste domingo (29)
O Corpo de Bombeiros de Goiás registrou aumento de 300 % em mortes por afogamento durante as férias de julho no Rio Araguaia. Entre os dias 1º e 28 de julho de 2019, foram quatro óbitos por afogamento. No mesmo período do ano passado, apenas uma morte foi registrada. Segundo tenente da corporação, é possível observar três características comuns aos episódios: imprudência, imperícia e negligência. O caso mais recente foi constatado na tarde deste domingo (28), na Praia Primavera, região entre os municípios de Aragarças, em Goiás, e Pontal do Araguaia, em Mato Grosso.
Segundo o porta-voz da Operação Férias do Corpo de Bombeiros, tenente Daniel Marra, a equipe dos bombeiros de Goiás foi acionada para ajudar os bombeiros de Mato Grosso nas buscas de um banhista que havia se afogado e desaparecido no rio. David Julio Batista dos Santos, de 22 anos, morava em Goiânia e estava com um grupo de amigos em uma excursão pelo Rio Araguaia. Ele regressaria à capital no final da tarde deste domingo (28).
A vítima se afogou ao tentar atravessar o rio a nado junto com dois amigos. Aos bombeiros, os amigos de David disseram que ele se cansou no meio da travessia e começou a se afogar. Logo, desapareceu nas corredeiras. O banhista não usava colete salva-vidas.
O local escolhido pelos amigos para realizar a travessia possui cerca de quatro metros de profundidade e 50 metros de distância. A área não fazia parte da perímetro de monitoramento dos bombeiros. Ainda conforme o tenente, o corpo da vítima foi encontrado a oito metros de profundidade e a cerca de 30 metros do local do afogamento, na manhã desta segunda-feira (29).
“As pessoas não entendem que nadar no rio, com corredeiras e bancos de areia, é completamente diferente de nadar em uma piscina”, ressalta.
Afogamentos
De acordo com o tenente Daniel Marra, dos quatro afogamentos, dois ocorreram quando pessoas tentavam atravessar o rio a nado. Os outros dois casos ocorreram quando banhistas – que estavam em partes rasas, foram surpreendidos pela queda de bancos de areia.
Um dos afogamentos ocorreu na tarde da última sexta-feira (19), no distrito de Luiz Alves, em São Miguel do Araguaia. Um jovem de 18 anos morreu quando nadava com amigos. Na ocasião, o tenente Marra informou que o rapaz brincava com amigos quando foi surpreendido por uma mudança súbita no leito do rio, fenômeno conhecido por “queda de banco de areia”.
“Inicialmente ele estava em um local em que dava pé. Com essa mudança súbita do rio, o rapaz ficou em um lugar que não conseguia mais ficar firme e submergiu”, disse. Os amigos da vítima tentaram resgatá-la, mas não conseguiram.
O segundo registro ocorreu, no último sábado (13), próximo à cidade de Aruanã. A vítima, Wesney Fava Alves, foi encontrada após três dias de buscas. O banhista estava no rio com a filha de 11 anos quando se afogou. Ambos estavam sem coletes salva-vidas. A menina foi resgatada por populares que acampavam nas imediações de onde ambos nadavam. Mas Wesney desapareceu nas águas turvas do Rio.
Recomendações
Ainda de acordo com porta-voz da Operação Férias, tenente Daniel Marra, todos os óbitos ocorreram por falta do uso do colete salva-vidas. O militar aproveitou a ocasião para dar recomendações à população sobre os cuidados a serem tomados ao tomar banho de rio.
“Esses incidentes ocorrerem por três fatores: imperícia, imprudência e negligência. Imperícia, pelo fato de o banhista não ter conhecimento de natação suficiente para se aventurar e atravessar o rio a nado; imprudência, por adentrar o rio e tentar a travessia do rio sem equipamento; e negligência, por falta de uso do colete salva-vidas”, relata.
Para evitar que tragédias como essas se repitam, Marra orienta os banhistas a sempre utilizarem o colete salva vidas, tanto em embarcações quanto em atividades de lazer no Rio. Outro ponto importante é não ingerir bebida alcoólica se for adentrar as águas.
O turista deve procurar sempre demarcar a área de banho com galhos, escolhendo a parte rasa, e respeitar essas áreas de banho. Deve-se sempre desenvolver atividade de lazer em áreas monitoradas pelos bombeiros. E evitar tomar banhos noturnos no Rio.
*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira