Calungas denunciam tortura e prisão ilegal por policiais militares
PM disse que "tem compromisso em atuar dentro da legalidade, protegendo o cidadão goiano”
A Associação Quilombo Kalunga (AQK) denuncia que dois quilombolas foram vítimas de tortura e prisão ilegal por policiais militares em seu próprio território. O caso envolveu dois homens calungas, de 25 e 39 anos, presos pela Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) sob acusação de invasão de domicílio, furto, dano e posse ilegal de arma de fogo.
Roberto, de 39 anos, relata a violência vivida em 11 de janeiro ao ir com seu sobrinho, Felipe, de 25 anos, alimentar os animais na Fazenda Panorama. Abordados a oito quilômetros da fazenda, foram acusados sem oportunidade de explicação. A violência aumentou após a descoberta de uma arma na casa, que, segundo Roberto, não era deles.
De acordo com o boletim de ocorrência, o denunciante alegou furto e dano, mas, segundo a AQK, os quilombolas levaram animais para o local. A associação defende que o território é calunga, impossibilitando uma invasão de sua própria terra. O advogado da AQK, Rômulo Rodrigues Corrêa, destaca a prisão ilegal e acredita que a arma foi implantada para prejudicar os quilombolas.
Após os eventos, os homens foram levados de volta para a zona urbana de Cavalcante e, posteriormente, para a delegacia de Campos Belos. A AQK exige uma investigação imparcial e justiça para os quilombolas, argumentando que foram presos ilegalmente.
Em nota, a PM informou que o caso foi registrado no dia 11 de janeiro, data “em que uma equipe do Batalhão Rural foi acionada pelo solicitante, que é arrendatário da fazenda, para averiguar situação de arrombamento e furto em sua propriedade”.
A polícia disse ainda que “a equipe policial localizou os envolvidos na ocorrência bem como uma arma de fogo ilegal, sendo as partes, juntamente com a arma apreendida, encaminhadas para a Delegacia de Polícia de Cavalcante e apresentadas ao Delegado de Polícia para a realização dos procedimentos cabíveis ao caso”. Por fim, a PM reafirmou que tem “compromisso em atuar dentro da legalidade e responsabilidade, protegendo o cidadão goiano”.
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