Manifestação nacional

Em Goiás, caminhoneiros continuam bloqueando rodovias em protesto contra alta no preço do diesel

De acordo com a PRF, as manifestações bloqueiam nesta terça-feira (22) dez pontos das rodovias federais que cortam o estado. A categoria inicia hoje o ato nas rodovias estaduais

O protesto de caminhoneiros contra a alta no preço do diesel continua nesta terça-feira (22). Durante a manhã os trabalhadores continuam bloqueando as rodovias goianas. Por volta de 10 horas,  as portas das distribuidoras de combustíveis de Goiânia e Região Metropolitana foi liberada devido a um acordo com a Polícia Militar (PM). A manifestação nacional também cobra do governo federal a aprovação do Projeto de Lei 528, que estabelece um valor mínimo a ser pago pelo frete para a categoria.

De acordo com Higor Melo, representante da manifestação pelo Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), a manifestação continua com intuito de chamar a atenção do governo e da sociedade civil para que as reivindicações da categoria sejam abraçadas e atendidas. Segundo o representante, hoje o caminhoneiro trabalha como escravo e é uma classe que movimenta todo o país.

“As pessoas precisam abraçar a nossa causa. Hoje se a população chega em supermercado para comprar o alimento para suas casas, esse alimento foi transportado por um caminhoneiro! Nosso intuito não é causar desordem, mas apenas exigir mais respeito para o trabalhador”, conta Higor.

O representante conta que o objetivo principal da manifestação é contra o aumento abusivo do valor do diesel, mas que também luta por melhorias como o valor do frente, que desde 2012 não passa por nenhum reajuste. Ele ressalta que cerca de 70% do valor pago no frete para a categoria vai para a manutenção dos caminhões, e que com o aumento acelerado do óleo diesel a situação fica insustentável.

Interdições nas rodovias goianas:

BR-050 – Três pontos no trecho de Catalão

BR-060 – Um ponto em Rio Verde

BR-153 – Dois pontos em Aparecida de Goiânia e uma em Itumbiara

BR-158 – Município de Caiapônia

BR-364 – Um ponto em Jataí

BR- 414 – Um ponto em Niquelândia

BR-452 – Um ponto em Bom Jesus de Goiás

De acordo com o representante do sindicato, a manifestação é pacífica e os caminhoneiros não interrompem a passagem de veículos de passeio, além das  cargas perecíveis e cargas vivas. Estão sendo obrigados a parar apenas os caminhoneiros que estão bloqueando parcialmente as vias. Até o momento as manifestações acontecem apenas das rodovias federais, mas o intuito é ocupar também as estaduais ainda nesta terça-feira (22).

“Vamos entregar para a Polícia Militar (PM) um ofício informando o início das manifestações também nas rodovias estaduais. A orientação é que seja seguido o padrão das rodovias federais, sem causar tumulto, e apenas lutando pelas nossas melhorias”, diz Higor.

Mesmo o sindicato afirmando que o ato nas rodovias estaduais ainda não iniciaram, um leitor do Mais Goiás registrou um ponto da GO-060, no município de Claudinápolis, onde caminhoneiros bloquearam uma das vias e atearam fogos em pneus.

Reuniões

Nesta terça-feira (22) os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas Energia, Moreira Franco, se reuniram com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, para uma conversa técnica sobre a alta no preço dos combustíveis.

“Fui convidado para a reunião. Na abertura da reunião, foi logo esclarecido que de maneira nenhuma o objetivo seria o governo pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras”, disse, esclarecendo que os reajustes estão relacionados aos preços internacionais e ao câmbio.

Segundo Parente, a reunião teve o objetivo de dar informações sobre a dinâmica de mercado. Perguntado se a redução dos preços da gasolina e do diesel, anunciada hoje pela empresa, foi feita por pressão política, Parente explicou que a decisão foi tomada em função da queda do dólar ontem (21).

“A redução de hoje é simples de entender: houve uma redução importante de câmbio. É a prova de que essa política tanto funciona na direção de subir os preços quanto de cair os preços. O Banco Central interveio com mais intensidade no mercado ontem, houve uma redução de câmbio e isso foi refletido no preço de hoje”, disse.

Com reforço da intervenção do Banco Central no mercado, o dólar comercial encerrou o pregão de ontem em queda de 1,35%, cotado a R$ 3,689. O resultado ocorre após seis altas consecutivas da moeda norte-americana frente ao real. Ao longo da semana passada, o dólar se valorizou 3,85% e chegou a valer mais de R$ 3,74 na sexta-feira (18).

Parente evitou falar sobre eventuais medidas que o governo possa adotar para reduzir os preços dos combustíveis, como mudanças na tributação. “O governo está preocupado com os preços e está procurando ver o que, no nível deles, pode ser feito”, disse. Ele acrescentou que o assunto é de responsabilidade do governo. “Sobre esses temas da alçada do governo, só as autoridades do governo têm que falar”, afirmou, ao deixar o Ministério da Fazenda.

Reunião no Planalto

Ontem (21), no final da tarde, o presidente Michel Temer convocou uma reunião de emergência para tratar do preços dos combustíveis com os ministros Moreira Franco, Eliseu Padilha (Casa Civil), Eduardo Guardia, Esteves Colnago (Planejamento) e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, no Palácio do Planalto.

Também ontem, em sua políticas de reajustes praticamente diários, a Petrobras informou que elevaria os valores do diesel em 0,97% e os da gasolina, em 0,9% nas refinarias a partir de hoje. Na semana passada, houve vários reajustes de preço nas refinarias.

Há discussões no governo sobre a possibilidade de redução da cobrança de tributos sobre os combustíveis. Existem situações em que a composição de impostos supera 40% do valor final do preço.

Padilha disse que o governo estuda uma forma de tornar os preços dos combustíveis mais “previsíveis”.

As reuniões ocorrem no momento em que os caminhoneiros deflagraram uma paralisação por tempo indeterminado e que bloqueiam rodovias em vários estados. A categoria reclama do reajuste das tarifas do diesel, que encarecem o valor do serviço.

Com informações da Agência Brasil