Carga horária de infectologistas aumentou 100% durante a pandemia
Dia 11 de abril é dia dos infectologistas, categoria que tem estado em evidência nesse…
Dia 11 de abril é dia dos infectologistas, categoria que tem estado em evidência nesse período. Com a atual pandemia de Covid-19, as demandas pelos médicos especializados em infectologia aumentaram cerca de 100% e, com isso, a carga horária e o tempo de trabalho também cresceram.
A presidente da Sociedade Goiana de Infectologia, Christiane Reis Kobal, revela que trabalha em dois hospitais privados, um hospital público, tem uma clínica e também atende pacientes por telefone. Ela disse que já trabalhou em muitas epidemias, como dengue, zika vírus, chikungunya, mas nenhum destes episódios foram tão cansativos para ela, como profissional, do que a atual doença que assola o mundo.
Ela disse que já chegou a ficar dois dias sem ver a filha, que também é médica, mas optou por se especializar em estética. “Na fase em que estamos, é muito comum que os médicos fiquem por dias sem ver a família. Saímos pela madrugada e voltamos só pela noite”, expõe.
Rotina
A médica revela que ao chegar em casa após um dia cansativo de trabalho, ela tira toda a vestimenta, coloca direto na lavanderia, toma um banho, lava os cabelos e estuda a doença, que ainda é um mistério para os médicos devido às novas cepas.
Além do cansaço físico, ela explica que os profissionais da saúde estão exaustos mentalmente. Segundo ela, dois sentimentos são cotidianos na vida dos infectologistas: a tristeza e a ansiedade.
“O sentimento de tristeza faz parte da nossa rotina quando algum paciente morre e o da ansiedade quando há falta de oxigênio, remédios, falta de vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e quando falta insumos. É um sentimento de frustração, impotência”, desabafa.
Outras doenças
Christiane Kobal diz que os infectologistas ajudam médicos de outras áreas e enfermeiros a cuidar de si mesmo e a se proteger da doença.
Apesar da Covid-19 ser a pior doença do momento, ela não é a única. A médica diz que, além de tentar combater a pandemia, a desinformação e os cuidados não comprovados, ela também cuida de pacientes que têm outras doenças infecciosas como HIV, hepatites virais e pneumonias.
“Tem sido uma época muito difícil, além de combater a covid-19, temos que combater a doença que tem acontecido na política com tratamentos não eficazes”. Segundo a profissional, mesmo com todas as dificuldades, ela se orgulha de fazer parte da luta e dos seus colegas de profissão. “Todos os infectologistas merecem ser parabenizados por essa luta diária.”
Emoção
A presidente ressalta, ainda, que toda vez que um paciente que ela cuidou entra mal e sai bem, uma emoção toma de conta do coração dela. Porém, a emoção que mais marcou a carreira, como médica e pessoa, durante toda a pandemia, foi quando ela teve que cuidar de dois colegas que tinham vindo da Europa.
“Eu me lembro como se fosse hoje, foi no dia 11 de março de 2020. Eles foram para Itália comemorar 40 anos de formados e chegaram ao Brasil com essa doença, que ainda era um mistério. Foi um susto para mim, pois eles se formaram junto comigo, eram meus colegas de profissão. Vê-los doentes foi horrível, mas a recuperação foi algo emocionante. Será um episódio da minha carreira que nunca vou me esquecer”, conclui.