Caso Waldemar evidencia cultura violenta, diz coletivo de mulheres de Goiás
O episódio envolvendo o ex-apresentador da Tv Anhanguera, Seu Waldemar, em que ele publicou nas…
O episódio envolvendo o ex-apresentador da Tv Anhanguera, Seu Waldemar, em que ele publicou nas redes sociais um vídeo expondo o órgão genital de uma moça sem seu consentimento, abriu espaço para a discussão quanto ao problema da exposição e ‘objetificação’ de mulheres. Para o Coletivo Pagu, grupo de mulheres feministas fundado na Universidade Federal de Goiás (UFG), o caso de seu Waldemar traz à tona uma cultura de violência “em relação à liberdade de todas as mulheres”.
O coletivo enviou uma nota ao Mais Goiás em que afirma repudiar veementemente o ato de Seu Waldemar que, no último domingo (6), publicou em seu perfil do Instagram, que conta com mais de 900 mil seguidores, um vídeo mostrando o órgão genital de uma moça que estava em sua companhia. O humorista, que parece filmar a jovem nua sem que ela perceba, chega a dar zoom nas suas partes íntimas.
O vídeo foi apagado alguns minutos depois, mas gerou uma reação em cadeia. A atitude de Seu Waldemar foi criticada pela maioria absoluta da web e o humorista, de ontem para hoje, além de ser demitido da Tv Anhanguera, perdeu cinco contratos e mais de 20 mil seguidores.
Para o coletivo de mulheres da UFG, o ato de Seu Waldemar “ilustra a forma desrespeitosa – e algumas vezes criminosa – que muitos homens se referem às mulheres na roda de amigos”. “Gestos, palavras, apelidos de cunho sexual e ligados à aparência evidenciam como essa cultura é violenta em relação à liberdade de todas as mulheres”, afirma o grupo.
De acordo com as mulheres do coletivo, expor vídeos de mulheres em sua intimidade “faz parte de uma tática que as leva à mira do julgamento social”, o que deve ser combatido. “Publicar conteúdos sexuais de mulheres sem sua autorização é uma das formas de objetificação e minimização delas dentro do contexto social, sendo um modo de controle de seus corpos, de suas liberdades e modos de agir”.
O grupo destaca que a exposição feita por Seu Waldemar, assim como a replicação do vídeo, é crime, e garante: estará ao lado das mulheres vítimas desse tipo de situação. “O Coletivo Pagu luta por uma sociedade justa e livre de preconceitos, destaca que sempre estará ao lado das vítimas e se coloca à disposição para orientação em qualquer desses casos”, finaliza.
Em entrevista recente, a defesa da jovem exposta por Seu Waldemar adiantou que a moça já está tomando as providências judicias cabíveis contra o ex-apresentador. A reportagem não conseguiu contato com Seu Waldemar. O espaço permanece aberto.
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Em 2013, a jovem goiana Francyelle dos Santos Pires, ou Fran, teve a vida virada de ponta cabeça após ter vídeos íntimos expostos na internet pelo ex-namorado. A moça, que procurou a polícia na época, teve que deixar o emprego, mudar de residência e alterar seu visual para que não fosse reconhecida.
Em uma entrevista concedida na época, Fran revelou ter passado por uma depressão profunda e chegou a cogitar tirar sua própria vida.
O caso foi encerrado em 2014, após o homem que expôs Fran aceitar um acordo judicial proposto pelo Ministério Público de prestação de serviços à comunidade por cinco meses. Na ocasião, Fran afirmou ter ficado com uma grande sensação de impunidade.