Casos de Covid-19 se espalham por pelo menos 55 bairros de Goiânia
Para cientista, mapas mostram que isolamento social tem sido desrespeitado, o que propicia mais casos de contaminação comunitária e explica alastramento da pandemia em setores periféricos
Em Goiânia, o deslocamento de pessoas durante a quarentena ajuda a espalhar a Covid-19 pela cidade. É o que aponta pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Antes restrita a regiões nobres, como o Setor Oeste, Bueno e região de condomínios fechados, a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2 passa a se tornar mais espraiada, com presença em 55 bairros da capital.
O levantamento realizado pelo grupo de pesquisa Covid Goiás, formado por cientistas da UFG, com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mostra que a contaminação pela doença causada pelo coronavírus mudou de forma, Na última semana, o contágio era restrito a contato direto com pacientes que haviam viajado para estados do Sudeste do país ou exterior. Nesta semana, os dados mostram que a chamada contaminação comunitária, aquela que os agentes públicos não conseguem determinar sua origem, passou a seguir o fluxo de movimentação diário da população.
Segundo o pesquisador do grupo de bases de dados da pesquisa Covid Goiás, Rherison Almeida, na forma de contato direto o infectado contamina até duas pessoas. Assim, o avanço da doença para bairros periféricos mostra que, de alguma forma, há desrespeito às medidas de isolamento social, seja no trabalho, seja em aglomerações em transportes públicos. O que acabou levando ao espalhamento do vírus pela cidade.
Rherison, que é cientista ambiental, aponta que setores como o Cândida de Morais, Recanto do Bosque e Vila Pedroso, na Região Noroeste, passaram a ter registros a partir desta semana, através de contaminação comunitária, o que mostra que o isolamento social não está sendo respeitado. São 33 bairros a mais com pacientes de Covid-19 em relação ao levantamento da semana passada.
Isolamento social
Para o levantamento é essencial que haja a realização de testes. No entanto, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Brasília (UnB) apontam que o Brasil é um dos países que menos testam no mundo, com 296 testes por milhão de habitantes. Nos Estados Unidos, são feitos 8.866 testes por milhão de habitantes.
Em Goiás, os exames são feitos pelo Laboratório Central (Lacen) e é o que ajuda no levantamento realizado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da UFG. Para o pesquisador do grupo de bases de dados da pesquisa Covid Goiás, os testes são essenciais para maior detalhamento da doença no Brasil e para assim determinar quais as melhores ações a serem realizadas pelo poder público.
Ainda assim é possível, com os dados disponíveis, levantar como a doença se espalha. “Os números atuais mostram que há transmissão comunitária em Goiânia, que avança para vários bairros da cidade. O afrouxamento das regras de isolamento tende a deixar esses números ainda maiores”, afirma Rherison.