SEGURANÇA

Casos de violência doméstica em Goiás aumentam com queda no isolamento

Houve aumento nos crimes de ameaça, lesão corporal e crimes contra a honra após a normalidade dos comércios

Imagem ilustrativa (Foto: Getty Images/iStockphoto)

Os números de violência doméstica cresceram após a liberação do comércio, em Goiás. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-GO), que mostram que houve aumento nos crimes de ameaça, lesão corporal e crimes contra a honra.

Conforme os dados, em março, abril e maio, que são os meses que o isolamento social aconteceu, foram registrados 3.148 casos de ameaças. Já entre julho, agosto e setembro, meses que os estabelecimentos voltaram a funcionar, foram registradas 3.460 ameaças contra mulheres. Totalizando 312 casos a mais desde que os comércios voltaram a funcionar.

Os dados também mostram o aumento de casos de lesão corporal após a volta do comércio. Em março, abril e maio foram totalizados 2.463 casos. Já em julho, agosto e setembro 2.739, ou seja, 276 casos a mais.

Os números de crimes contra a honra, que são eles: calúnia, difamação e injúria, somaram 1.847 em março, abril e maio e, 2.142 nos meses de julho, agosto e setembro. Contabilizando 295 casos a mais desde a reabertura do comércio.

Sobretudo, as estatísticas mostram que de março a maio houveram 78 casos de estupro e, 53 entre julho e setembro, com uma diminuição de 25 desde a volta dos estabelecimentos. Os casos de feminicídio também diminuíram em Goiás, com 11 durante o isolamento social e 10 durante a volta do comércio.

Ao Mais Goiás, a delegada Paula Meotti, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) disse que houve uma variante, mas não tem como fazer uma análise total dos números, pois a pandemia ainda não acabou. Em contrapartida, ela disse que após a volta dos comércios, na delegacia de Goiânia os números voltaram ao padrão, se comparado ao do ano passado.

A delegada disse ainda que não pode afirmar se os números retomaram ao normal porquê as mulheres voltaram a trabalhar. “Só quando a pandemia acabar e podermos fazer essa análise dos números, de maneira mais adequada, poderemos analisar a motivação da queda e do aumento de denúncias nesses períodos”.

Já a psicóloga Márcia Maria diz que vários fatores podem influenciar uma mulher a não fazer a denúncia, como: dependência financeira, baixa autoestima, afastamento de familiares e amigos, falta de informação e até medo do agressor não ser detido.

Ela ainda explica que o agressor se sente no poder quando a vítima depende financeiramente dele. “Ele sente que pode humilhar a vítima, pois ela não terá para onde ir, já que ela não tem um emprego e não consegue se manter”, diz.

A profissional explica ainda que os traumas causados pela violência doméstica devem ser tratados. “Ressignificar, trabalhar a autoestima, fazer coisas que a vítima fazia antes de conhecer o agressor e reconstruir uma rede de apoio são de extrema importância”.

Vale ressaltar que o número para fazer denúncias de crimes de violência contra a mulher é o 180.