FALHAS

Cidades goianas sofrem com quedas constantes de energia; especialista diz que falta investimento

Moradores de Goiânia, Goianira, Mara Rosa, Caiapônia, São Miguel do Araguaia e Montes Claros enfrentam problemas de interrupção de energia

Várias cidades goianas têm sofrido com quedas constantes de energia elétrica. Relatos feitos ao Mais Goiás nesta terça-feira (26) apontam problemas de interrupção de energia nos municípios de Goiânia, Goianira, Mara Rosa, Caiapônia, São Miguel do Araguaia e Montes Claros. Especialista ouvido pela reportagem diz que falta investimento e manutenção adequada na rede que distribui energia ao consumidor. A Equatorial afirma que um problema pontual de falha na subestação de Porangatu provocou interrupções em algumas cidades da região Norte de Goiás.

Ao Mais Goiás, o engenheiro eletricista e presidente da Associação Brasileira dos Consumidores de Energia Elétrica (ASCEEL), Augusto Francisco da Silva, atribui as interrupções de energia elétrica no estado à falta de investimento e manutenções, que deixam o sistema de distribuição carregado e “altamente prejudicado”.

Segundo ele, o problema é antigo e ocorre desde antes da privatização da Celg. “Acontece que o sistema é vulnerável. A distribuição da energia já passou por várias mãos e a problemática não foi resolvida. No âmbito da iniciativa privada, tanto a Enel – antiga responsável – quanto a Equatorial – atual empresa responsável – não cumpriram e não cumprem as compromissos de melhoria”, disse.

De acordo com Augusto, há um déficit de entrega de energia para o consumidor final. “Energia tem, mas não há um sistema que distribua da forma necessária. O sistema é falho, o fornecimento é precário. A Equatorial diz que a situação seria resolvida em três anos, mas, pelo andamento dos serviços, não acreditamos nisso. Quem paga o pato infelizmente são os consumidores”.

Dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que os consumidores goianos ficaram 15,66 horas em média sem energia em 2022. A frequência de interrupções foi de 7,83 no ano. O recomendado pela estatal é de 12,11h e 8,56 interrupções. Os números foram atribuídos à Enel e à Equatorial, embora a última tenha assumido a concessão em dezembro daquele ano.

O presidente da Asceel aponta, ainda, que é preciso fazer investimentos prudentes para solucionar a problemática. “Estimamos que sejam necessários entre R$ 2 a 4 bilhões por ano para uma operação e manutenção adequadas. Isso resultaria um fornecimento com energia de qualidade e na quantidade necessária”, ressaltou.

O que diz a Equatorial

Em nota, a Equatorial diz que tem trabalhado em melhorias para a distribuição de energia em Goiás. A empresa citou, ainda, um caso pontual de falha em um equipamento da subestação de Porangatu, que provocou a interrupção no fornecimento de energia em alguns municípios da região Norte, às 22h30 de segunda-feira (25).

O texto informa que equipes da empresa atuaram no local. Foram realizadas manobras na rede elétrica para transferir os clientes afetados para outros circuitos. A companhia explicou que, durante esse processo, ocorreram oscilações no serviço, que foi totalmente restabelecido às 23h30.

“A distribuidora destaca que está realizando melhorias na subestação de Porangatu e que amanhã (27) ocorrerá a finalização da revitalização de um dos transformadores da unidade, o que vai melhorar o fornecimento de energia na região. A empresa ressalta, ainda, que durante esse processo poderão ocorrer oscilações no serviço.”.