Clérigos de Formosa presos na Operação Caifás participam de audiência de instrução na comarca
Eles respondem pelo desvio de mais de R$ 2 milhões provenientes de dízimos, doações e taxas de batismo e casamento. Religiosos deverão ser ouvidos, bem como testemunhas de defesa e acusação
Na manhã desta quinta-feira (9), o bispo de Formosa Dom José Ronaldo Ribeiro e os sete demais clérigos acusados de desviar mais de R$ 2 milhões da Igreja Católica a partir de uma associação criminosa participam de uma audiência de instrução e julgamento naquela comarca. Além dos réus, um número não divulgado de testemunhas, tanto de defesa como de acusação, será ouvido.
É nessa etapa do processo que o juiz Fernando Oliveira Samuel, da 2° Vara Criminal de Formosa, irá – segundo assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) – colher informações e se aprofundar nos fatos apresentados, bem como nos argumentos de cada réu para poder embasar sua futura decisão.
Presos em março, os clérigos foram soltos em meados de abril, por meio de habeas corpus. Além do bispo, o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau de Barros, e os padres Mário Vieira de Brito, Moacyr Santana, Antônio Rubens Ferreira, Waldson José de Melo, Epitácio Cardozo Pereira e Pedro Henrique Costa compõem o quadro de acusados.
De acordo com o advogado do juiz eclesiástico, Thiago Santis, já houve pelo menos cinco audiências em que testemunhas de outras comarcas foram ouvidas por meio de cartas precatórias. “Pessoas de outros locais já se manifestaram. Hoje muita gente será ouvida já que cada acusado arrolou um número específico de testemunhas. Está marcado para ouvir todo mundo, mas não sei se teremos tempo hábil”.
Segundo Santis, a postura da defesa permanece a mesma. “São questões fáticas. A acusação do Ministério Público é muito incipiente e foi criada em cima de alegações vazias que não se sustentam. É clara a existência de uma perseguição religiosa, tanto é que o TJ concedeu liberdade a eles, verificando que a acusação é esvaziada”.
O Mais Goiás não conseguiu contato com a Diocese de Formosa até o fechamento desta matéria. A redação também tentou falar com o advogado do bispo, Lucas de Castro Rivas, mas as ligações não foram completadas.
Relembre o caso
Em março deste ano, o Ministério Público de Goiás deflagrou a Operação Caifás nas cidades de Formosa, Posse e Planaltina, com objetivo de desarticular uma associação criminosa que desviava recursos da cúria, administração central, da Diocese de Formosa e der paróquias ligadas a ela em outras cidades.
Os recursos eram provenientes de dízimos, doações, taxas de batismo e casamentos, bem como de arrecadações realizadas em períodos festivos. Na época, dos 13 mandados de prisão requeridos, nove foram autorizados. Além destes, outros 10, de busca e apreensão, foram executados e culminaram na apreensão de dinheiro, joias e outros objetos de valor.
Atualmente, oito religiosos respondem pelo crime, embora aleguem inocência.