Clínica apagou gravações do dia do atendimento que provocou morte de paciente em Goiânia
Empresária foi indiciada por homicídio simples com dolo eventual, crimes contra as relações de consumo e contra a saúde pública e por fraude processual qualificada
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Responderá por três crimes a dona de uma clínica de Goiânia, onde uma paciente morreu, no final do ano passado, após realizar um procedimento estético. Ao falar sobre a conclusão das investigações, nesta sexta-feira (31), a delegada Débora Melo contou ter descoberto que, no dia seguinte ao atendimento, a biomédica Quésia Rodrigues Biangulo Lima retornou ao local com um técnico em informática e apagou as imagens que mostravam o trabalho que culminou com a morte da paciente.
Daniele Mendes Xavier de Brito Monteiro, que tinha 44 anos, foi atendida na clínica pertencente à Quésia Rodrigues em 30 de novembro. Segundo familiares, a servidora pública teria ido ao local para uma consulta, mas acabou sendo convencida a realizar um procedimento de aplicação de ácido hilalurônico debaixo dos olhos.
“O que descobrimos, após ouvirmos 15 pessoas, é que a clínica onde a indiciada atendia não tinha medicamentos, nem os equipamentos necessários para o atendimento básico no caso de anafilaxia. Antes de ser atendida, Daniele informou que era asmática e a reação alérgica dela após ter o produto aplicado foi quase imediata. Contudo, como não teve o atendimento de emergência necessário, acabou falecendo no dia seguinte. Outro fato extremamente grave que descobrirmos foi que no dia seguinte ao atendimento a biomédica retornou à clínica com um técnico que, sem saber o que havia acontecido, apagou todo o HD que tinha imagens e até sons, que mostravam tudo o que aconteceu antes, durante e depois do atendimento”, descreveu a delegada.
Quesia Rodrigues Biangulo, que está presa desde dezembro do ano passado, foi indiciada por homicídio simples com dolo eventual, crimes contra as relações de consumo e contra a saúde pública e por fraude processual qualificada. Se condenada pelos três crimes, a biomédica pode passar mais de 10 anos na cadeia.
A reportagem do Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa de Quesia, mas o espaço está aberto, caso queiram se pronunciar. A clínica onde ela atendia continua interditada pela Vigilância Sanitária.