Clínica de reabilitação suspeita de tortura é fechada em Valparaíso
Famílias dos internos pagavam entre R$ 800 e R$ 1,2 mil por mês pelo tratamento dos dependentes químicos
Uma clínica de reabilitação clandestina, localizada em Valparaíso de Goiás, foi fechada após denúncia de maus-tratos, tortura e agressões contra internos. Durante inspeção realizada na terça-feira (9), foram encontrados cordas, facas e pedaços de madeira. Ao todo, a unidade tinha 46 dependentes químicos, com idade entre 20 e 70 anos.
O local – chamado Centro Terapêutico Lions – não possui alvará de funcionamento e é investigado desde o ano passado. Em 2020, o Ministério Público (MP-GO) recebeu denúncias de irregularidades e, em novembro, fez uma primeira vistoria. O MP deu prazo de 30 dias para a instituição apresentar documentação necessária para a regularização e adequação de seu funcionamento. À época, medicamentos sem prescrição e com embalagens violadas foram apreendidos.
As determinações não foram cumpridas e uma nova vistoria foi realizada no local na terça-feira (9). Com o apoio da Vigilância Sanitária Estadual (Suvisa); Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas); membros do Conselho Tutelar e da Guarda Municipal, o MP fechou a clínica clandestina.
Conforme apontaram as investigações, as famílias dos internos pagavam entre R$ 800 e R$ 1,2 mil por mês pelo tratamento dos dependentes químicos. Os 46 pacientes foram ouvidos e liberados. Os profissionais que atuavam no local também prestaram depoimento.
Ainda de acordo com as apurações, o dono da instituição é morador de São Paulo. O homem não foi localizado, mas é investigado pela Polícia Civil (PC) pelo crime de tortura.