Cidades

Coitada da Monark

Monark, a marca de bicicletas, sofre com associação de seu nome com o de youtuber mestre em proferir asneiras

Monark Ranger - Reprodução

Monark. Sou um grande fã.

Da bicicleta, é claro. Daquele que se apropriou do nome da icônica marca brasileira que está na memória afetiva de gerações, como toda pessoa sensata, quero distância até que entenda os perigos do nazismo. E se arrependa. E mude. Que toda essa crise lhe ensine algo. Principalmente que liberdade de expressão não pode ser liberdade de defender o extermínio de vidas de pessoas ou de grupos específicos. Mas o papo hoje é sobre bicicleta.

Monark ou Caloi? Você era obrigado a ter uma marca de bicicleta preferida se teve a infância nos anos 1980 ou 1990. Sempre fui do time Monark. Culpa da BMX.

No meu aniversário de 6 anos, ganhei uma BMX azul da minha tia Virgínia. Ainda tinha rodinhas. Apendi a andar de bicicleta na garagem do prédio em que eu morava nessa BMX. Me lembro exatamente o dia em que meu pai tirou as rodinhas dessa bicicleta. Que alegria! Disputava corridas ao redor do quarteirão com a molecada da rua com aqueles pneus azuis. Foi cada tombo que tomei naquela bicicleta que até hoje sinto dor. Até o dia em que ela ficou pequena demais e ela virou presente para meu primo mais novo.

Na adolescência, eu precisava de outra bicicleta para ir para a escola. Ganhei de minha outra tia, a Tininha, uma Monark Ranger modelo 1995. Era a moda das mountain bikes. Guidão reto, seis marchas, câmbio Shimano. Branca com uns adesivos coloridos. Linda. Nem sei o quanto sou grato a essa bicicleta. Ia para a aula, buscava minha irmã na escola, comprava pão na padaria, ia para jogar bola no bairro vizinho… Ainda hoje tenho essa bike comigo e eventualmente dou umas pedaladas nela quase 30 anos depois dela pintar na minha vida. Prova que a marca é boa é sua longevidade. A Monark produz bicicletas sensacionais.

Tenho a Monark tatuada nas minhas mais belas lembranças.

Aí vem um cretino manchar essas histórias incríveis vinculando seu nome à da bicicleta. Tsc, tsc…

Nem a memória afetiva do brasileiro tem paz com esse tanto de imbecil que se prolifera por aí.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução