Concentração de vírus da Covid em esgoto atinge maior nível do ano em Goiânia
Amostras da estação de tratamento de esgoto de Goiânia revelaram que o índice de concentração…
Amostras da estação de tratamento de esgoto de Goiânia revelaram que o índice de concentração do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, voltou a crescer na capital. As análises foram feitas na última terça-feira (14), por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os resultados indicam que a carga viral registrada atualmente é a maior do ano, o que torna o momento semelhante com o da segunda onda da doença, no primeiro semestre de 2021.
Ao Mais Goiás, a pesquisadora do Instituto de Química (IQ) da UFG, professora Gabriela Duarte, explicou o que todas as pessoas contaminadas por qualquer vírus eliminam seus fluídos biológicos nas fezes, no escarro e em sua higiene. Sendo assim, fragmentos do vírus vão parar, inevitavelmente, na estação de tratamento de esgoto.
A atual carga viral no esgoto de Goiânia é considerada preocupante pelos especialistas. Para se ter ideia, análises feitas de 29 de maio a 04 de junho apontavam que a carga viral era de 20 trilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Agora, de 12 de junho a 18 de junho, essa carga subiu mais de sete vezes, com 142 trilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.
“É preocupante porque está demonstrando que estamos tendo mais casos. Os casos estão subindo. Se temos mais carga viral no esgoto, então é porque temos mais gente contaminada. Estamos entrando numa crescente e saber disso é fundamental para que a população volte a tomar mais cuidados”, disse a pesquisadora.
Segundo Gabriela, existem muitos fatores que podem ter colaborado com esse aumento, entre eles novas variantes, flexibilização do uso das máscaras e a realização de mais eventos, que promovem aglomeração de pessoas. As autoridades já foram notificadas para o assunto.
Medição da concentração de vírus da Covid em esgoto de Goiânia
“A gente mede em quanto está essa carga viral, ou seja, o quanto de vírus tem na rede de esgoto, para conseguir vislumbrar qual o cenário epidemiológico atual. Com isso, a gente consegue acompanhar quando a pandemia está em baixa, quando a pandemia está em alta ou crescendo. É como se fosse um marcador”, afirma a pesquisadora.
De acordo com Gabriela, esse tipo de análise é de extrema importância, pois ajuda as autoridades a terem uma ‘real noção da pandemia’. Isso porque nem sempre as pessoas que estão contaminadas fazem testagem para confirmar o fato. Muitas vezes, as pessoas também podem estar assintomáticas e não sabem que estão contaminadas pelo vírus.
“A gente consegue antecipar esses momentos de crescimento da pandemia. É um rastreamento para entender como estamos. Assim, conseguimos nos preparar com mais testes, mais leitos, melhorando o atendimento à população. E como são apenas fragmentos do vírus, não há vírus ativo ou risco de contaminação“, explica a professora.