Condenado por extorsão afirma ter vivido romance com padre Robson
Defesa do sacerdote afirma que todo conteúdo usado em chantagens é falso. Relatos de casos amorosos compõem decisão de 2019, que sentenciou cinco pessoas por extorsão
Condenado por extorquir o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, Padre Robson Oliveira, afirmou em depoimento ter vivido um romance com o sacerdote. O caso veio à tona depois que o religioso passou a ser investigado por desvio e lavagem de dinheiro doado por fieis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), recursos esses que teriam sido usados, em 2019, para evitar que imagens de conteúdo íntimo do padre fossem divulgadas pelos criminosos na época.
Consta nos autos que um dos sentenciados pelo crime, Welton Ferreira Nunes Júnior, disse que dois casos amorosos foram usados para chantagear o padre, um deles teria ocorrido com o próprio Welton. “Observa-se que os acusados foram responsáveis por transmitir as ameaças à pessoa da vítima [Robson], por meio de mensagens em aplicativos e e-mails. Nessas, disseram os acusados que a vítima possuiria relacionamento amoroso com diversas pessoas, inclusive com o próprio Welton”, consta na decisão do juiz Ricardo Prata, da 8ª Vara Criminal de Goiânia.
A defesa do padre afirma que todo o conteúdo usado nos crimes é falso.
Extorsão
A mencionada decisão atesta que várias ameaças foram feitas usando perfis falsos, exigindo, segundo os autos, “quantias imensas” da vítima para a não divulgação das supostas imagens e informações que poderiam macular a imagem do sacerdote e da instituição que presidia, Afipe. “Tinha foto dele com uma moça. Ela falando da data do primeiro encontro dele, essas coisas”, disse Welton no depoimento.
O juiz afirmou que as ameaças intimidaram o sacerdote a ponto de ele efetuar pagamentos dos valores para fazer a vontade dos chantagistas. Na decisão, o padre disse que se viu muitas vezes incapaz de celebrar missas por ter sido afetado pelo medo.
Nota
Em nota, a defesa do padre Robson disse que “reforça que todo o conteúdo das mensagens é falso, o que comprova que ele foi vítima de criminosos de altíssima periculosidade. Os responsáveis já foram condenados pelo Judiciário e cumprem rigorosas penas. O processo está em segredo de Justiça, conforme decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o que é respeitado integralmente pela defesa”.
Nota da defesa de Welton
Tendo em vista, o que vem sido amplamente noticiado nos canais de comunicação do Estado de Goiás, assim como, a nível Nacional, Welton Ferreira Nunes Junior vem por meio de seus outorgantes, comunicar e esclarecer:
1. O Processo de Nº 201792352000, que refere-se as supostas Extorsões, embora haja condenação em 1ª Instância, não há, até a presente data, trânsito em julgado desta. Para tanto, encontrando-se em grau de Recurso de Apelação, e, em sendo assim, primando-se pelo princípio da presunção da inocência, conforme preconiza a nossa Carta Magna, em seu Art. 5º, inciso LVII, não se pode afirmar ou levantar ilações quanto aos possíveis fatos narrados de como se deram, ou tão pouco, o suposto vínculo com as demais partes envolvidas nestes Autos.
2. Considerando que, em razão do processo supra citado, o Ministério Público de Goiás, iniciou uma investigação que culminou na Operação Vendilhões, a pessoa do Sr. Welton ressalta que não há envolvimento, ou mesmo, que esteja sendo investigado a respeito de algo, na referida Operação. Para tanto, não podendo expressar opinião acerca de fatos alheios ao seu conhecimento, ficando a cargo, dos investigados nesta Operação para esclarecer a Sociedade o que por ora achar necessário.
Não obstante, nenhum direito pode ser exercido de maneira absoluta. A mesma Constituição Federal que prevê o direito à liberdade de expressão estabelece também, no artigo 5º, X, que são invioláveis a intimidade, vida privada, honra e até mesmo a imagem das pessoas. Dito isto, embora respeitamos a liberdade de impressa, resta claro que há um persistente conflito entre esta e os direitos da personalidade do Sr. Welton, já que, o foco da Investigação Vendilhões é o Padre Robson de Oliveira, então Gestor da Associação Filhos do Pai Eterno – AFIPE, dentre outros, porém, o que se apresenta até o presente momento amplamente, é a tentativa de desvirtuamento destes.
À oportunidade, afirmamos o compromisso com a Justiça, tanto no Processo 2017, ao qual este ainda responde, quanto a eventuais esclarecimentos que se fizerem necessários judicialmente na Operação Vendilhões.
Goiânia, 27 de Agosto, 2020.
Silvestre Advogados Associados.
*Laylla Alves é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira