Condenados pelo acidente com Césio-137 tiveram penas simplificadas e, em seguida, perdoadas
Mais de mil pessoas foram afetadas pela contaminação, sendo que quatro delas morreram poucos dias depois do acidente
Cinco pessoas foram consideradas culpadas pelo acidente com Césio-137, que aconteceu em Goiânia há 30 anos completados nesta quarta-feira, 13 de setembro. A condenação a três anos e dois meses em regime aberto por homicídio culposo para os médicos Orlando Teixeira, Criseide de Castro e Carlos Bezerrilos, responsáveis pela clínica de onde a cápsula foi retirada, e para o físico Físico Flamarion Gulart – que dava consultoria para o Instituto Goiano de Radioterapia-, veio em 1996.
O dono do prédio, também médico Amaurilo Monteiro de Oliveira foi condenado a um ano e dois meses de prisão. Em seguida, todas as penas foram substituídas por trabalhos comunitários e, logo depois, extintas por indulto presidencial. O crime prescreveu em 2005.
Mais de mil pessoas foram afetadas pela contaminação. Maria Gabriela Ferreira, 37 anos, Leide das Neves Ferreira, de 6 anos, Israel Batista dos Santos, 20 anos, Admilson Alves de Souza, de 18 anos, foram vítimas fatais.
A história do acidente radiológico, que se tornaria o maior do Brasil, começou quando catadores de lixo encontram, nas antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia, no centro de Goiânia, um aparelho de radioterapia abandonado. Eles removem o equipamento e o vendem a um ferro-velho, onde foi desmontado, expondo ao ambiente 19g de cloreto de césio-137 (CsCI).
Somente em 28 de setembro de 1987 a esposa do dono do ferro-velho levou parte da máquina de radioterapia até a sede da Vigilância Sanitária, quando a contaminação radioativa foi identificada. Em 23 de outubro, pouco mais de um mês após o acidente, a criança Leide das Neves (sobrinha do dono do ferro-velho) faleceu em decorrência dos efeitos radioativos, tornando-se um símbolo do acidente.
Em entrevista ao programa Fantástico, Rede Globo, no início deste mês, Gulart disse que a cápsula de césio-137 teria sido levada para o Hospital Araújo Jorge e depois devolvida ao prédio do Instituto Goiano de Radioterapia, de onde foi furtada. Após a declaração, a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) informou que vai abrir uma sindicância para apurar a denúncia.