DIA DO CONSUMIDOR

Consumidor vê seu poder de compra reduzir cada vez mais na pandemia

Segundo levantamento do Procon-Go , comprometimento mensal com a cesta básica de uma pessoa chega a R$ 499,76, 45,43% do salário mínimo

Prateleiras de supermercado (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

O Dia do Consumidor é celebrado neste 15 de março. Neste ano, infelizmente o consumidor parece não ter muitos motivos para comemorar. Com aumento de 31% na cesta básica em Goiânia e seis aumentos na gasolina em 2021, o goianiense lamenta a perda do poder aquisitivo.

Segundo pesquisa publicada pela Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor do Estado de Goiás (Procon-GO) no dia 4 de março, os principais produtos alimentícios adquiridos pelo consumidores da capital apresentaram um aumento exorbitante. Em relação ao ano de 2020, o óleo de soja apresentou 75% de aumento e o arroz 65%. A carne também não ficou de fora e o coxão duro está 42% mais caro.

Para se ter uma ideia, o trabalhador que recebe apenas o salário mínimo (R$ 1.100,00) tem um comprometimento mensal com a cesta básica de R$ 499,76, ou seja 45,43% do seu vencimento, segundo o Procon-GO. Isso apenas para um adulto. Caso sejam duas pessoas, o salário mínimo passa a ser praticamente inteiro voltado para a compra de itens essenciais de alimentação.

“Tá um abuso! Arroz R$ 30 o quilo. Feijão quase dez, um quilo de tomate R$ 7 o quilo. E não tem jeito, a gente compra porque tem que comer. Mas e quem tá desempregado como que faz pra comer?”, mostrou indignação o morador de Goiânia Jeferson Carlos.

O problema que ele relata infelizmente faz parte da vida de muitos cidadãos que com a pandemia perderam renda e ainda precisam lidar diariamente com o aumento de preços. Tudo isso traz como resultado a redução do poder de compra da população.

Substituição

Em meio a tantos aumentos, o economista Aurélio Troncoso explica que o consumidor não vê outra saída a não ser a substituição. Ou seja buscar por marcas mais baratas ou até mesmo abrir mão de comprar determinados itens.

“As pessoas começaram a substituir alguns produtos que estão caros, principalmente a carne. A carne para mim é um dos grandes vilões do Brasil. Hoje os supermercados já não fazem promoção de carne de primeira. Só faz propaganda de carne de segunda. Você vê hoje falando é de acém, paleta”, reforça Troncoso.

A estudante Ana Rodrigues conta que a carne vermelha virou item de luxo em sua geladeira. “Antes dava até pra agente arriscar comprar um contra-filé, algo assim. Agora o ovo e o frango é que vão pro carrinho de supermercado”, contou.

Combustíveis

O economista ressalta que muito dos aumentos do preços se deve a alta do combustível, que influencia no frente dos alimentos e também ao aumento do dólar. Com isso muitos produtores nacionais preferem exportar seus produtos, deixando de atender a demanda nacional ou fazendo com que reste produtos de qualidade inferior para o consumidor brasileiro.

A equipe de reportagem do Mais Goiás procurou a Associação Goiana de Supermercados para falar sobre o assunto, mas até o fechando desta matéria não obteve resposta.