Caso Giselle: Justiça decreta prisão preventiva de assassino que matou namorada em Goiânia
Homem deve ficar preso até que julgamento. Ele disse que matou após brigas por mensagens no celular dele
José Carlos de Oliveira Júnior, 37, assassino confesso da namorada Giselle Evangelista, 39, passou por audiência de custódia na tarde dessa segunda-feira (19). O suspeito, que foi preso em flagrante no sábado (17), teve a prisão convertida em preventiva pelo juiz Oscar de Oliveira Sá Neto, da 7ª Vara Criminal de Goiânia. José assumiu ter matado Giselle esganada após uma briga do casal, depois que ela viu mensagens de um aplicativo no celular dele, na madrugada de sexta-feira.
Na audiência o magistrado justificou a prisão. “Conveniência da Instrução Criminal e garantia da Lei Penal, já que o indiciado desapareceu logo após o crime, sendo encontrado após intensas buscas, já na cidade de Pirenópolis. A intenção era fugir para a cidade de Minaçu-GO.”
A família da vítima, revoltada com o crime, avançou no suspeito logo que ele saiu da sala de audiência e era levado pelo corredor do segundo andar do Fórum Desembargador Fenelon Teodoro Reis, no Jardim Goiás.
Veja o vídeo registrado por Aline Caetano:
VÍDEO PORNOGRÁFICO
O preso disse em depoimento obtido com exclusividade pela reportagem do Mais Goiás que vivia há um ano e três meses com Giselle. Ele contou que na noite do crime o casal teve uma discussão por conta da criação que cada um dava aos filhos — ele trem um filho e ela tem outro. O suspeito contou no depoimento que depois da discussão, teria tentado controlar Giselle mostrando a ela notícias pelo celular.
Ainda no depoimento, José Carlos de Oliveira Júnior disse à Polícia Civil que a vítima teria visto mensagens de um aplicativo do suspeito, com um vídeo de uma mulher tirando a roupa e gritava que ele a conhecia. O homem negou que conhecesse a mulher do vídeo e que ela pegou uma faca para agredi-lo.
José Júnior revelou à polícia que teve de conter a mulher e que ela ameaçou denunciá-lo por agressão. O suspeito revelou que esganou a vítima até que ela desacordasse. No depoimento, contou que em algum momento não se sentiu em si. Disse que a mulher ficou roxa, e que percebeu que não havia mais vida.
O homem revelou ter tentado ressuscitar a mulher depois que colocou o corpo na cama, e quando ele notou que não havia mais condições, cobriu o rosto dela com uma toalha. Ainda assim, planejou suicídio.
No depoimento o suspeito revelou que pegou uma garrafa de vinho e uma faca no apartamento e seguiu para Minaçu, onde o corpo do pai dele está enterrado, para se matar no túmulo. O homem contou à Polícia Civil que o carro dele quebrou na zona rural de Pirenópolis e ele se escondeu em uma mata.
Feminicídio aumenta 82% em Goiás
Quando um homem mata uma mulher, é um crime de feminicídio. É uma qualificadora do crime de homicídio e eleva a pena (6 a 20 anos) para 12 a 13 anos de reclusão. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, em 2016 aconteceram 17 casos no Estado. No ano passado o número saltou para 82% (31 registros).
O crime passional é imprevisível, conforme o juiz de direito Jesseir Coelho de Alcântara. Segundo o magistrado, nesse tipo de crime não há como ser evitado. “Não tem como saber, porque são atitudes pelo ímpeto, ou seja, a pessoa pode jamais ter cometido um crime, mas se torna um assassino depois de uma atitude impensada”, revela.
RELEMBRE
Giselle Evangelista foi encontrada morta com uma toalha no rosto na tarde da última sexta-feira (16), no apartamento de José Carlos, na Vila Alpes, em Goiânia. Um dia depois o comerciante foi localizado escondido em uma mata perto da cidade de Pirenópolis por policiais do Grupo Tático 3 (GT3), da Polícia Civil. Trazido para Goiânia, ele confessou o assassinato.
Para o delegado Danilo Proto, que preside o inquérito e é adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), José Carlos disse que o estopim para a discussão foi um vídeo que ele recebeu em um grupo. “Ele afirmou que nestes dois anos em que se relacionaram várias discussões aconteceram, segundo ele, porque ela era muito ciumenta”, relatou.
Para a imprensa, o comerciante repetiu o que disse ao delegado, e afirmou que o ciúme da namorada chegava a atrapalhar o trabalho, que é feito na maioria das vezes pelo celular. “Minha mãe e meu filho estão sofrendo muito mais que a mãe e o filho dela”, afirmou José Carlos. Ele falou ainda que “não sabe até quando ficará vivo” quando questionado por um repórter sobre o fato de familiares da namorada estarem em pior situação pelo fato dela ter sido assassinada.