Justiça

Corpo de bebê do escaninho está no IML há dois anos

Depois do óbito, criança foi colocada em um guarda roupas, depois, passou mais cinco anos no escaninho, na garagem. Mãe afirmou durante julgamento que a amava; juiz não acredita e pede enterro “digno”

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri de Goiânia, aguarda pronunciamento do Ministério Público, para definir o que deve acontecer com o corpo do bebê morto e escondido no escaninho por cinco anos. Há dois anos, cadáver da criança está no Instituto Médico Legal de Goiânia (IML) e ninguém o reclamou até o momento. A mãe assumiu, em juízo, que matou a menina por asfixia. O magistrado quer um “enterro digno.”

“No dia do júri, quando a descoberta do crime estava prestes a completar dois anos, descobri que o cadáver ainda estava lá no IML, e que a mãe, apesar de estar em liberdade, não procurou o órgão para reclamar um sepultamento. Essa história me causa muita estranheza e essa criança precisa e merece ter um enterro digno”, disse o juiz ao Mais Goiás. Jesseir aguarda pronunciamento do Ministério Público.

A defesa da mãe, a professora Márcia Zaccarelli — condenada a 18 anos e 8 meses de reclusão, no dia 1º de agosto, por um júri popular —, também se pronunciará ao juiz, para informar se há interesse da parte da mãe em fazer esse sepultamento. “Pode ser que não seja crime ter deixado o corpo esses dois anos no IML, depois de tudo que essa criança sofreu, mas pelo menos é macabro, e me vi na obrigação de tomar providência”, observa o magistrado.

Alcântara, no dia 6 de agosto, por meio de ofício, solicitou informações ao Instituto Médico Legal (IML) para saber se o corpo encontrado no dia 9 de agosto de 2016, no escaninho de um prédio no Setor Bueno, em Goiânia, ainda estava no órgão. A resposta veio em forma de um laudo antropológico do cadáver, além da confirmação da permanência dos restos mortais da menina no local.

Conforme expôs o documento do IML, que têm fotos anexadas, no interior do tecido mole decomposto, foram encontrados vários ossos (do crânio, membros, pelve e tronco); alguns objetos, como fralda descartável e dois elásticos de borracha envolvidos em gaze, situação compatível com curativo de cordão umbilical.

Entre os itens também estava uma pulseira plástica com o nome de Márcia Zaccarelli Bersanete, a qual incluía a data e horário do nascimento do bebê, bem como o nome do médico que realizou o parto. O laudo teve por objetivo determinar a causa da morte, o instrumento ou meio de ação utilizado.