CASO

Corregedoria da PM diz que equipe errou em ação em que cabo foi morto, em Novo Gama

Ainda haverá uma reprodução simulada dos fatos e a situação pode mudar

A corregedoria da Polícia Militar (PM) disse, em inquérito, que a equipe errou em ação em que o cabo Leandro Gadelha da Silva, 38 anos, foi morto a tiros no Novo Gama, entorno do Distrito Federal. O caso aconteceu em 22 de julho, durante uma abordagem a criminosos.

No documento, ao apontar que ocorreu uma série de erros durante ação da equipe em uma residência abandonada, a corregedoria pede a abertura de procedimento administrativo contra o cabo Ítalo Viana Sales e o 2º sargento Carlos Vinícius Ferreira Sousa. Contudo, ainda haverá uma reprodução simulada dos fatos e a situação pode mudar.

Conforme inquérito da Polícia Civil, o servente Matheus Pereira Oliveira, 24, responde pela morte do cabo. Ele teria ido ao local com um irmão e dois primos para comprar uma arma, quando foi surpreendido pelos PMs. Nesse momento, teria ocorrido uma troca de tiros.

Nessa investigação, Leandro, que estaria de folga, alertou os policiais sobre a suposta negociação de armas. A equipe de Carlos, então, encontrou o cabo e foi com ele ao local. Houve a abordagem e, durante os disparos, o PM de folga foi baleado e morreu no local. Um homem que seria amigo da vítima também estava na localidade e foi ferido.

Para a corregedoria, o sargento errou ao permitir que Leandro participasse da operação, pois estava de folga, em trajes civis e sem equipamentos de proteção. Também afirmou que a equipe não pediu apoio para avaliar os riscos, além de permitir ao suposto amigo do cabo ir ao hospital sem escolta. O entendimento é que ele poderia ser um dos suspeitos.

Outro ponto apontado pela corregedoria é que houve demora na entrega da arma da vítima à Polícia Civil, bem como outra que foi encontrada no local.

Inclusive, Ítallo vai responder por ficar com a arma do PM e a deixar em um depósito por dois dias. Ele também responderá por efetuar um dos quatro disparos que atingiu Leandro, conforme apontou exame de balística. A perícia ainda não finalizou laudo sobre de qual arma foram os tiros que atingiram dois civis.

Havia, ainda, outros dois PMs na equipe, mas eles ficaram de fora do PAD, pois não entraram na residência. Eles deram cobertura na suposta abordagem.

Informações conflitantes

Vale citar, um dos primos de Matheus disse que Leandro seria o vendedor da arma e que ele foi surpreendido junto com os outros civis pela chegada dos policiais Ítallo e Carlos. Já o suposto amigo do policial morto afirmou que observava com ele a negociação da arma, quando os PMs chegaram.

Assim, a corregedoria acrescentou no documento, também conforme Matheus, que não tinha nenhum policial fardado no local, somente pessoas com trajes civis. Ele ainda disse que não sabia se era Leandro que venderia a arma, recolhida por Ítallo antes da perícia chegar. E, ainda, que, depois de ouvir os primeiros tiros, correu com os familiares atirando para trás, sem ver a direção.

Com as informações conflitantes, não há consenso do momento que resultou a morte do policial. A corregedoria pediu a reprodução simulada à Polícia Científica em 19 de setembro, mas ainda não há previsão. Matheus está preso desde a morte de Leandro e o processo criminal está em fase de instrução e julgamento. No momento, apenas ele e seus parentes podem ou não ir ao júri.

A informação foi divulgada pelo O Popular, que teve acesso ao documento da corregedoria da PM. O Mais Goiás também solicitou o inquérito, mas não teve retorno até o fechamento.

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