Dia dos Pais

Cresce número de casos de pais que conseguem guarda compartilhada

Apesar de grande luta na justiça pela guarda dos filhos, pais são responsáveis por apenas…

Apesar de grande luta na justiça pela guarda dos filhos, pais são responsáveis por apenas 13% da guarda compartilhada no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse tipo de custódia cresceu de 7,5%  em 2015, para 12,9% em 2017, mas cerca de 80% do judiciário ainda prioriza a guarda unilateral materna.

A guarda compartilhada determina que o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada entre a mãe e o pai, visando as condições dos pais e os interesses dos filhos. Analdino Rodrigues, 65, foi o primeiro pai a conseguir tutela compartilhada no Brasil em que pais vivam em estados diferentes. A conquista da guarda surgiu antes mesmo de ser estabelecida a lei responsável pela custódia da criança. Ele conta que ele e sua ex esposa passaram por uma separação litigiosa que resultou em seis anos de muita briga judicial entre Analdino e a mãe da menina, mas que hoje é um caso bem sucedido.

Analdino disse ainda que a mãe tentou de tudo para evitar que ele tivesse algum contato com a filha, Amanda, que na época tinha apenas 7 anos. Dentre as muitas tentativas, ela teria conseguido uma medida preventiva para mantê-lo longe da criança por dois anos, alegando que a criança teria sofrido maus tratos do pai durante o período de férias da escola. Dessa forma, o pai não conseguiu a redução da medida e passou dois anos longe da menina.

O pai juntou a documentação necessária e protocolou ação no judiciário de Goiânia. Analdino então conseguiu provar que as alegações contra ele eram falsas e infundadas e conquistou a guarda da criança. Posteriormente, ele fundou a primeira ONG do país em defesa da participação dos pais na criação dos filhos, a Associação de Pais e Mães Separados (APASE). A iniciativa já auxiliou inúmeros pais de todo o Brasil na batalha pela participação na vida das crianças.

Mudança

Um dos principais projetos apresentados pela ONG foi o que deu origem a Lei 12.318/10 sobre a alienação parental e também aLei 13.058/14 sobre a guarda compartilhada. Analdino conta que um dos motivos que o levaram a fundar a APASE foi saber que muitos pais também sofriam por serem excluídos da vida escolar dos filhos. “Geralmente o pai que não é guardião do filho não é convidado para nenhuma festa na escola, nem mesmo para eventos de dia dos pais. O pai é totalmente ignorado pelas instituições”relata.

Aprovada em 22 de dezembro de 2014, a nova lei sobre a tutela do menor estabelece que a guarda seja compartilhada entre os pais. A legislação também determina que o pai ou mão que impedir o convívio do menor com o outro genitor seja obrigado a facilitar os encontros e a permitir que o outro participe das decisões na vida da criança.

Analdino argumenta que é a sociedade reconhece o quanto é importante o contato dos filhos com a mãe, desde a gestação, amamentação e até mesmo a educação. “A gente luta para que o papel do pai também seja reconhecido. Não queremos servistos apenas como provedor do lar, mas como contribuinte na criação da criança.”

Segundo o advogado especializado em Direito de Família, Eduardo Caiado, a ausência da figura do pai pode produzir conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança e acarretar distúrbios de comportamento no futuro. “De fato, os pais procuram mais a guarda dos filhos atualmente. Essa procura é o resultado de transformações históricas e sociais, que envolvem a configuração da família, principalmente com relação ao papel do pai.”

O advogado diz ainda que as separações se tornaram um dura realidade e crescem gradualmente todos os dias. “Isso faz com que as famílias tenham de lidar com as dificuldades de viver longe e lutar para se aproximar”, conclui Caiado.

 

Thayanara Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.