Crescimento descontrolado de faculdades de Medicina preocupa especialistas em Goiás
Assunto preocupa lideranças ligadas a área médica
O aumento acelerado de escolas médicas no Brasil, especialmente em instituições privadas, acendeu o alerta entre conselheiros, especialistas e representantes do setor médico e educacional. Em uma plenária temática promovida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) na última segunda-feira (11), o tema foi amplamente discutido com a presença de autoridades e especialistas.
O conselheiro Donaldy Sampaio apresentou dados recentes do Conselho Federal de Medicina (CFM), que revelam um aumento expressivo de escolas médicas no Brasil. Desde o ano 2000, o número de cursos cresceu de 80 para 390, enquanto o sistema e-MEC aponta um total de 459 graduações em Medicina em 2024 – dos quais 66% são de instituições privadas e 33% de públicas.
Presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Flávio Roberto de Castro explicou os critérios estabelecidos pelo Estado para a avaliação dos pedidos de abertura de novos cursos. Atualmente, cinco processos de novos cursos de Medicina tramitam no âmbito estadual. “As instituições precisam demonstrar capacidade de atender aos requisitos de qualidade definidos no edital, mas o lobby para abertura de novas vagas é muito grande”, declarou Castro, prevendo que, pelo menos, três novas instituições poderão propor novos cursos em breve.
Para Sheila Soares Ferro Lustosa Victor, presidente do Cremego, os dados apresentados ressaltam a inviabilidade de um novo curso de Medicina em Goiás. Ela expressou preocupação com a qualidade da formação médica diante do crescente número de escolas no País. “Essa plenária é apenas o início de uma luta incansável contra a abertura de novos cursos. Precisamos assegurar que a formação médica tenha qualidade, algo que se torna inviável com a abertura indiscriminada de novas escolas”, afirmou.
O Cremego também abordou a necessidade de retomar as visitas às faculdades de Medicina, tanto para fiscalização quanto para orientação acadêmica, com o intuito de garantir um bom ensino, como explicou o 1º vice-presidente do Cremego, Rafael Martinez. “Não queremos a abertura de novas vagas, mas, se já existem, precisamos garantir a qualidade da formação dos futuros médicos”, enfatizou.
A plenária contou ainda com a participação de Marcelo Prado, conselheiro federal do CFM por Goiás, que reforçou a importância das denúncias de alunos que sofrem com a precariedade em algumas instituições de ensino. Os graduandos do Centro Universitário de Mineiros (Unifimes), por exemplo, foram destacados na reunião por denunciarem deficiências estruturais e pedagógicas.
A ex-presidente do CEE, Maria Ester de Carvalho, sugeriu que o Cremego integre o banco de assessores do Conselho Estadual e acompanhe de perto as universidades que enfrentam questionamentos sobre a qualidade do ensino médico. A proposta inclui o envio de relatórios ao Ministério da Educação com as falhas identificadas e recomendações para melhorias.