Criança de 3 anos pode ser mais uma vítima de líder de seita, em Caiapônia
A menina foi levada à delegacia após a avó paterna desconfiar do comportamento quando ela ouviu a voz dele em reportagens televisivas
Mais uma criança, de 3 anos, foi ouvida pela Polícia Civil (PC) de Caiapônia, cidade a 335 quilômetros de Goiânia. De acordo com a corporação, ela também seria vítima de abuso sexual pelo líder de uma seita durante rituais. O suspeito foi preso na última sexta-feira (4), após deflagração da Operação Anjos da Guarda 2. Até agora, já são quatro crianças envolvidas no caso.
De acordo com o delegado à frente das investigações, Marlon Souza, a criança é neta da mulher, de 49 anos, que foi já presa. Segundo as investigações, ela levava as netas aos rituais e era cúmplice dos abusos, vistos como forma de “sacrifício” para enriquecer financeiramente.
A avó paterna da criança foi quem a levou à delegacia. Ela teria desconfiado do comportamento da menina quando viram o líder da seita aparecer em reportagens televisivas. Segundo declarações da mulher ao delegado, a menina teria entrado em pânico ao ouvir a voz do homem. A criança será submetida a um acompanhamento psicológico.
Outra vítima do líder, uma adolescente de 13 anos, prima dessa criança, também foi ouvida pelo delegado. Segundo ela, um dos abusos foi presenciado por outra prima, de 7 anos, que também foi uma vítima do líder da seita. A declaração dela foi de extrema importância para descaracterizar o vídeo gravado no último sábado (5). Nele, aparece o marido da avó que foi presa e ele alega ser o autor dos abusos sexuais.
Um diário, no qual constavam minuciosamente os relatos dos estupros, foi apreendido pela PC. Além disso, o delegado ouviu as outras primas, de 7 e 10 anos, que disseram ter sido ameaçadas pelo homem e pela avó. A mulher teria instruído as crianças a falarem que o marido dela era o autor dos estupros, caso os fatos viessem à tona.
Relato de suicídio
Segundo Marlon, o líder da seita, de 42 anos, está detido na Cadeia Pública de Caiapônia e teria escrito uma carta, neste domingo (6), no qual relatava que se suicidaria. Foi confirmado que a avó das crianças mantinha relacionamento extraconjugal com o homem. Por isso, ela foi chamada para acalmá-lo.
O suspeito foi encaminhado para uma cela isolada e sem contato com qualquer objeto que possa ajudar no suicídio. O delegado aponta que, em uma conversa informal, o homem confessou os abusos. Contudo, durante oitiva ele utilizou o direito constitucional ao silêncio, bem como o de negar os crimes.
Tanto o líder da seita quanto a avó das meninas foram autuados por estupro de vulnerável. A pena é de até 15 anos de prisão por cada vítima.