VIOLÊNCIA SEXUAL

Crianças de abrigo em Quirinópolis realizavam estupros entre elas, diz delegada

A ex-primeira-dama da cidade e mais de sete outras pessoas foram indicadas por omissão aos crimes

Crianças de abrigo em Quirinópolis realizavam estupros entre elas, diz delegada (Foto: Divulgação/PC)

Investigações da Polícia Civil revelaram que estupros entre menores de idade eram prática comum na casa de acolhimento de crianças e adolescentes Cantinho de Luz, em Quirinópolis. Segundo a delegada do caso, Camila Vieira Simões, principalmente os meninos reproduziam os abusos por meio de relações íntimas entre eles. Apuração revela que crianças de dois e cinco estão entre as vítimas de violência sexual.

Na última segunda-feira (22), a Corporação indiciou mais de sete pessoas pelos crimes ocorridos dentro da instituição. Entre os acusados estão a ex-primeira-dama da cidade, Maria Zélia Teodoro Alces, uma ex-presidente do Conselho da Criança e do Adolescente e a coordenadora do abrigo Cantinho de Luz.

“As crianças mantinham relação sexual entre si, a maioria eram meninos”, explica a delegada. Durante as investigações, os investigadores descobriram que duas meninas, de dois e cinco anos, foram estupradas. Além delas, outros quatro meninos, todos menores de 14 anos, foram abusados.

“Os meninos relatam que um deles manteve relações com as meninas. Foram feitos exames que comprovaram a ruptura himenal e lesões no ânus”, detalhou Camila. Segundo ela, as crianças não eram incentivadas, mas ao que tudo indica, aprenderam tudo com esse menino que teve as relações com as meninas.

Camila afirma que além de indiciarem os suspeitos, a corporação também realizou o afastamento cautelar da atual coordenadora, das cuidadoras e da equipe técnica do abrigo das funções. “A maioria das crianças foi adotada ou retornou ao convívio familiar, sabemos que dois meninos ainda estavam no abrigo, mas dormindo em quartos separados”, informou a delegada.

Como tudo começou

A denúncia foi registrada no início de dezembro do ano passado, depois que uma das crianças contou para um casal de adotantes a respeito das experiências sexuais que viveu na casa de acolhimento. Na época, o casal estava com a guarda provisória de duas crianças.

Paralelo à denúncia, a polícia descobriu que outras duas crianças fugiram do local. Quando encontradas, elas explicaram que estavam sendo abusadas, tanto fisicamente, como psicologicamente. Segundo os investigadores, os crimes aconteceram durante todo o ano de 2020.

Em depoimento, a coordenadora do abrigo disse que repassou as ocorrências para a ex-primeira-dama do município e para ex-presidente do conselho da criança e do adolescente. Porém, segundo ela, ambas não fizeram nada a respeito.

Todas as pessoas envolvidas também foram indiciadas por crime de maus-tratos, com pena de 2 meses a um ano, e de submissão à humilhação, com pena de 6 meses a dois anos.

O Mais Goiás não teve acesso à defesa das denunciadas. Porém, o espaço continua aberto para manifestações.