Culto ecumênico tem discursos e orações por vítimas de atentado em colégio
Vestidos de branco, os presentes cantaram e rezaram pedindo pela melhora dos feridos
Centenas de pessoas participaram de um culto ecumênico, no fim da tarde desta terça-feira (24), em homenagem às vítimas do atentado no Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, ocorrido na última sexta (20). Vestidos de branco, os presentes cantaram e rezaram pedindo pela melhora dos feridos. Familiares de alguns dos adolescentes e ex-alunos também discursaram.
Isabel de Morais, mãe da Isadora de Morais, jovem de 14 anos que está internada na UTI do Hugo, foi uma das pessoas que se manifestaram. Ela disse que a filha está com problema no pulmão e tem que se recuperar de uma lesão na coluna. “Eu ensinei ela a andar. E agora ela vai me ensinar a andar como ela vai andar”, falou, comentando sobre o processo de adaptação. Isabel também agradeceu aos médicos, aos profissionais da escola e a todos que ajudaram ela.
Eliza Marques, de 23 anos, ex-estudante do colégio, falou sobre como foram seus anos na instituição. “Nunca me faltou alguém para me escutar. Estudei aqui a partir dos oito anos de idade e só saí no segundo ano do ensino médio. Como ex-aluna quero deixar todo o meu apoio a todos os que foram afetados direta e indiretamente pelo o que aconteceu na última sexta”, declarou.
A coordenadora Simone Maulaz Eltet, que convenceu o atirador a não fazer mais vítimas no dia do atentado, agradeceu a todo o apoio recebido. “Juntos somos mais fortes. Somos uma família de verdade. O carinho, o amor que essa comunidade tem conosco, que nossos alunos tem para com a escola, que as famílias têm, é indescritível”, ressaltou. Ela também rejeitou o rótulo de heroína. “Só fiz o que tinha que fazer. Não tive medo.”
Retomada das aulas
O Colégio Goyases começou os preparativos para a retomada das aulas. Entre esta quarta (25) e sexta-feiras (27), haverá reunião entre a equipe de professores, os coordenadores pedagógicos, a secretária escolar e os auxiliares administrativos com uma equipe de psicólogos indicados pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe) e pelo Conselho Estadual de Educação (CEE).
Para o dia 30 (segunda), está programado o retorno às aulas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano. No dia seguinte, terça (31), deve acontecer o retorno às aulas do Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano.
De acordo com o diretor, Luciano Rizzo, a sala onde houve o atentado será transformada em outro ambiente, que ainda não foi definido.
Ataque
Seis alunos foram baleados durante um tiroteio no fim da manhã desta sexta-feira (20) dentro do Colégio Goyases, na Rua Planalto, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Dois adolescentes morreram no local e outros quatro ficaram feridos e foram socorridos.
Três meninas e um menino estão entre os feridos. João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, que tem entre 12 e 13 anos, não resistiram aos ferimentos e morreram dentro da sala de aula.
Viaturas do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas para atender a ocorrência. Helicóptero do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar levou um dos alunos para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde mais dois adolescentes foram encaminhados. Um deles recebeu alta neste domingo (22). A outra menina ferida foi levada para o Hospital dos Acidentados e não corre risco de morrer.
O atirador
O garoto que atirou contra os colegas tem 14 anos, está no oitavo ano e estaria com a arma na mochila. O objeto pertenceria à mãe dele, que é policial militar. Os disparos teriam acontecido no final da quinta aula pela manhã, por volta das 12 horas. Um dos estudantes que estava no local disse que acredita que o primeiro disparo foi acidental e ele até imaginou que fosse uma “bombinha”. Depois, quando a turma se voltou para ver de onde vinha o barulho, o garoto começou a atirar aleatoriamente contra os alunos.