Defensorias questionam exclusão de gestantes da vacinação prioritária
Grávidas foram colocadas como integrantes do grupo de risco da doença. O Brasil foi o país que mais registrou óbitos do mencionado grupo pela Covid
As Defensorias Públicas de Goiás e outros 15 estados enviaram, na última semana, ofício ao Ministério da Saúde para questionar a exclusão de gestantes do grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. De acordo com o documento, a pasta federal chegou a inserir as mulheres grávidas no grupo de risco da doença, mas não as colocou como prioridade no processo de imunização. Segundo estudo publicado no International Journal of Gynecology, o Brasil foi o país com maior ocorrência de óbitos (124 no total) de grávidas no mundo, entre janeiro e junho de 2020.
No ofício, as defensorias afirmam que, em abril de 2020, o Ministério da Saúde definiu que grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal) fariam parte do grupo de risco por infecção da Covid. Apesar disso, tais mulheres não foram priorizadas na vacinação.
O documento apresenta dados do International Journal of Gynecology e mostra que o número de mortes de gestantes no Brasil – 124 até julho de 2020 – é 3,5 vezes maior do que a soma do número de óbitos do grupo em outros países.
Além de tais dados, as Defensorias também externam a orientação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Segundo a entidade, “a segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas em gestantes e lactantes, no entanto estudos em animais não demonstraram risco de malformações. Para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico prescritor”.
Cenário preocupante
A coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem) da DPE-GO, Gabriela Hamdan, diz que o cenário atual é preocupante e que as gestantes devem ser prioridade na vacinação.
“Estamos vivendo num cenário onde os índices de contaminação voltaram a subir e o Brasil, como explicitamos no ofício, é o país onde morrem mais gestantes. E isso ainda é mais grave quando a gestante é obesa, diabética ou de raça negra. Assim, é urgente que elas sejam incluídas nos grupos prioritários de vacinação”, argumentou.
O Mais Goiás entrou em contato com o Ministério da Saúde em busca de um posicionamento e aguarda retorno.