Defesa de João de Deus pede transferência do médium para hospital particular
Na quarta (2), líder foi encaminhado ao Hugo depois de apresentar sangue nas fezes e urina. Para advogados, ele deveria ter ficado internado para uma “avaliação completa”. João é alvo de mais de 500 denúncias de abuso sexual
A defesa de João de Deus protocolou, na Justiça de Abadiânia, um pedido para que o médium seja transferido para uma unidade particular de saúde. O objetivo é de que João passe ao menos por uma avaliação médica completa, o que, segundo o advogado Ronivan Peixoto de Morais Júnior, não foi feito no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Na noite de quarta-feira (2), o líder espiritual foi escoltado às pressas ao referido hospital, depois de se queixar de dores estomacais e tontura, além de apresentar sangue nas fezes e urina.
Depois da avaliação na unidade pública, João de Deus foi diagnosticado com infecção de urina. Porém, exames laboratoriais – como de sangue e de urina – e de imagem, não mostraram elementos suficientes para justificar uma internação. Assim, o médium foi reconduzido ao Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia, onde fica na convivência de quatro advogados em uma cela de 8m². “Ele deve ser avaliado da forma correta, do jeito que foi no Hugo não dá. Médico falou que estava normal, mas não fizeram exames específicos para constatar a origem dos sangramentos. A idade dele e sua condição de saúde requerem esse cuidado”, sublinha Ronivan.
O procedimento padrão para custodiados é de que, quando apresentam problemas de saúde, sejam encaminhados para hospitais públicos. A indicação da defesa porém, é de que João seja atendido no Hospital Santa Helena, particular. “O senhor João não é um preso comum, está protegido pelo estatuto do idoso, o qual demanda uma atenção maior a problemas de saúde. É um homem de 77 anos, debilitado e cardiopata, precisa ser tratado”. Apesar da solicitação, quem decidirá ou não pela transferência é a Justiça. “Queremos um hospital privado, mas o mais importante é que ele seja tratado, mesmo em uma unidade pública”.
O referido hospital privado foi escolhido por já possuir um prontuário de João. A expectativa é de que o requerimento seja apreciado nesta-sexta-feira (4). Além do pedido médico, a defesa do médium tem outras solicitações para que o líder seja beneficiado com prisão domiciliar. “Já temos pedidos pendentes no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negaram liminares, mas ainda não julgaram o mérito. Há também um outro pedido no Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não foi apreciado”.
O Mais Goiás tentou, sem sucesso, contato com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP). O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, deu nesta quinta-feira (3) um prazo de 48 horas para que a Justiça de Goiás informe a Suprema Corte sobre as condições do Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), oferecer assistência e tratamento médico adequados ao médium João de Deus
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, deu nesta quinta-feira (3) um prazo de 48 horas para que a Justiça de Goiás informe a Suprema Corte sobre as condições do Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), oferecer assistência e tratamento médico adequados ao médium João de Deus. A juíza plantonista da comarca de Abadiânia, Marli de Fátima Naves, afirmou que repassará as informações ainda nesta sexta-feira (4).
“Abatido”
De acordo com outro advogado de João, Alex Neder, que se encontra agora (10h) com o cliente, o estado de saúde do médium melhorou, embora ainda tenha que passar por mais exames. “Ele está muito abatido, mas os sintomas que ensejaram a ida dele ao Hugo não estão mais presentes. Agora, ele tem que fazer um ultrassom e uma endoscopia, mas não há previsão de quando. Do nosso ponto de vista, ele deveria ter ficado internado até que realizasse toda a avaliação”.
Para Neder, no momento, a questão principal é a saúde do cliente, em detrimento dos pedidos de prisão domiciliar. “Se tive uma intercorrência, ninguém aqui no complexo, apesar da boa vontade, poderá acudi-lo. O local, afinal, não oferece a estrutura necessária.