Delegacia de crimes rurais dá dicas de segurança para produtores rurais
Objetivo é conscientizar esse grupo de pessoas acerca dos riscos de furtos, roubos e golpes
A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais publicou, nesta segunda-feira (4), uma série de dicas de segurança para produtores rurais de Goiás. O objetivo, segundo a corporação, é conscientizar esse grupo de pessoas acerca dos riscos de furtos, roubos e golpes, bem como oferecer métodos práticos de como se proteger contra esses delitos.
Em 2021, a delegacia afirma ter instaurado mais de 30 inquérios policiais para averiguar crimes em propriedades rurais. Além disso, também houve 11 operações, com 42 prisões realizadas e 26 mandados de busca e apreensão cumpridos para combater crimes rurais.
Durante essas ações, pelo menos 431 gados foram apreendidos, o que corresponde à R$ 1, 7 milhão recuperados. Agentes civis também apreenderam oito máquinas agrícolas, cuja valor corresponde a R$ 3,8 milhões.
Produtores rurais devem percorrer suas propriedades com frequência
De acordo com a polícia, o pecuarista deve determinar aos funcionários que a cerca da propriedade seja constantemente fiscalizada. Isso porque, segundo a corporação, há registros de furtos de animais que foram tocados e cuja transposição de propriedade aconteceu por meio do corte e emenda da cerca.
Com a cerca emendada logo após o crime, o produtor demora a saber do fato ou, em alguns casos, sequer sabe
o rumo tomado, pois, observando de longe, não possível identificar a violação do tapume.
Evolução do rebanho
Outro ponto levantado pelas autoridades policiais, é o de que o relatório de movimentação do produtor deve espelhar a verdade. Registros incoerentes, também conhecidos como ‘gados de papel’ ou ‘gado virtual’, são verdadeiras brechas para o envolvimento em delitos
O motivo disso, segundo a polícia, é porque “notadamente” podem sinalizar lavagem de dinheiro, uma vez que nesta modalidade de branqueamento de capitais, o criminoso cria saldo fictício de animais em sua propriedade para, desta forma, dar origem ao dinheiro obtido de forma ilícita.
Não empreste sua inscrição estadual
O produtor rural não deve emprestar sua Inscrição Estadual e nem seu saldo junto à Agrodefesa para emissão de Guia de Trânsito para terceiro que não tenha saldo suficiente ou não possua Inscrição Estadual junto à Secretaria de Economia. De acordo com as autoridades, caso faça isso, o produtor pode responder por falsidade ideológica.
Vigie sua propriedade
O produtor rural deve, ainda que não more no local, promover ações para que sua propriedade não fique
desvigiada. Segundo as autoridades, a prática demonstra que os crimes perpetrados em desfavor do agronegócio contam com informações privilegiadas ou ocorrem em propriedades desvigiadas.
Saiba quem frequenta o local
A polícia também afirma que o controle de acesso deve ser fator de importância para o produtor. Saber quem são os terceirizados que frequentam o local e qual a vida pregressa dos funcionários contratados são medidas simples que podem evitar problemas maiores.
Não estoque agrotóxicos
O ideal, segundo a corporação, é que os produtores rurais não façam estoque dos insumos agrícolas, que não serão imediatamente empregados no campo. Via de regra, os estoques estão vinculados à escassez de mercado e à alta dos preços. Assim, verificando uma excelente oportunidade de negócio, o produtor rural muitas vezes acaba adquirindo mais do que o necessário para o momento.
Esta medida, na visao dos policiais, revela-se um atrativo para marginalidade, que também é impulsionada pela escassez do produto no mercado. “Não devemos nunca nos esquecer que só há demanda do crime porque há a demanda de aquisição dos produtos subtraídos”, afirma a corporação.
Segurança nas aquisições
No que diz respeito aos insumos, a polícia considera importante escolher os fornecedores, fazer aquisições com documentação fiscal, verificar se o motorista vinculado ao documento é o que de fato transporta o item.
O mesmo vale para aquisições de semoventes: atente-se para preços abaixo da tabela de mercado, rebanhos desacobertados de documentação, documentação em nome de terceiro e, pior, com marcas borradas.
Ter cautela neste ponto evita, no mínimo, aborrecimentos futuros, pois a receptação de semoventes tem previsão legal de dolo eventual. Para os maquinários, a regra é a mesma. “Você não compra um carro com chassi arranhado, porque então compraria um maquinário nessas condições?”, indaga a corporação.
Guarda inteligente de maquinários e insumos
Na visão das autoridades policiais, os maquinários não devem permanecer próximos às vias de acesso à propriedade. Ao contrário, devem ficar próximos à sede ou dentro dos galpões. Isso porque, a facilidade criada em deixar o bem no local onde haverá retomada de trabalho no dia seguinte cria a oportunidade que o agente delitivo precisa para o cometimento do crime.
De igual forma, o descarregamento de toneladas de adubo nas áreas em que serão utilizados, sem que seu emprego seja imediato, também favorece o crime.
Rastreabilidade
O uso de brincos eletrônicos em gado também facilita a gestão da propriedade, segundo a polícia. Da mesma maneira, a instalação de circuito fechado de televisão, não só na entrada, mas também próximo à sede, curral, galpões e acessos laterais.
Para os maquinários, orienta-se o investimento em rastreadores, o que, embora agregue custo na aquisição e manutenção do bem, é ferramenta extremamente útil para sua recuperação.
Contagem constante do rebanho
O gado precisa ser constantemente contado, recomenda a corporação. A maioria dos furtos de semoventes bovinos, em grande quantidade, aconteceu porque o gado foi subtraído aos poucos e em razão do produtor não saber quantas cabeças havia no pasto ao longo de grandes períodos.
Discrição nas aquisições
A polícia, por fim, também recomenda que os produtores ruais não difundam suas aquisições, quer sejam de insumos, implementos, semoventes e maquinários. Isso também atrai o crime.
Para denunciar um crime basta usar o disque denúncia: 197 ou ligar diretamente para a Delegacia de Crimes Rurais: (62) 3201-2610