Delegada é afastada por suposta irregularidade em inquérito sobre padre Robson
A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) afastou, na última sexta-feira (19), a delegada de Trindade,…
A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) afastou, na última sexta-feira (19), a delegada de Trindade, Renata Vieira, por suspeitas de irregularidades em uma investigação que envolve o padre Robson. Áudios e mensagens reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, mostram conversas em que a investigadora supostamente beneficia o religioso na apuração em que o ex-reitor do Santuário Basílica Divino Pai Eterno figurava como vítima de extorsão. Delegada nega e diz que sempre atuou “observando rigorosamente a lei”.
Em nota, a corporação informou que, logo após tomar conhecimento da reportagem jornalística, a Gerência de Correições e Disciplina da Polícia Civil instaurou procedimento para apurar as supostas irregularidades. Segundo o texto, a corporação decidiu afastar a Renata Vieira da titularidade da Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) , “visando a transparência e regularidade das apurações”.
Entre as trocas de mensagens, padre Robson afirma que ele mesmo vai dar um “jeito” em Ubiracimar dos Santos, suspeito de tentar extorqui-lo. “Eu vou tentar usar dos meios que eu conheço para persuadi-lo a me dizer realmente se o que ele tem é algo interessante. Vou levar um policial e uma pessoa armada para me proteger. A gente vai fazer isso tudo fora do padrão legal. Nós vamos dar um chega nesse caboclo lá, mas vai ser na base do “faroeste caboclo”, disse.
Em outro áudio, ele pede ajuda da delegada: “é um caso extremo, né? Se for preciso criar uma história em cima disso aí, você tá junto comigo. Você me libera dessa situação, se acontecer o extremo ali”.
As conversas sugerem, ainda, uma suposta correção em um depoimento do religioso à Polícia Civil. “Renata, eu mandei para você aí, é uma coisa bem laica mesmo. Eu fiz da minha cabeça aqui, se quiser mudar também muda”, disse padre Robson. A delegada responde: “não se preocupe”.
Delegada nega
Também por meio de nota (confira íntegra), a delegada Renata Vieira negou qualquer tipo de irregularidade. Ela afirma que é amiga do padre Robson desde 2009, presidiu a investigação para apurar eventual extorsão em que o religioso figurava como vítima e obedeceu os ditames legais, com autorização de superiores. Segundo ela, o inquérito não foi concluído por estar pendente no Poder Judiciário.
“Sobre a possibilidade de permitir que a vítima enviasse seu termo de depoimento por e-mail, como a qualquer outra é facultado que o faça, a exemplo das ocorrências virtuais em que a própria vítima relata e digita os fatos. Quanto a afirmação de troca de favores, todo e qualquer procedimento aberto na Delegacia de sua titularidade seguiram a estrita balisa da lei, sem nenhum benefício relacionado ao desempenho de suas funções com quem quer que seja”, diz trecho.
Nota da Polícia Civil:
A Polícia Civil do Estado de Goiás informa que, após tomar ciência de reportagem jornalística produzida por uma emissora de televisão, que supostamente aponta possíveis irregularidades envolvendo a condução de procedimento investigativo presidido pela Delegada Renata Vieira, titular da Deam/DPCA do município de Trindade, em que figura como vítima o Padre Robson, ex-reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, imediatamente a Gerência de Correições e Disciplina da PCGO instaurou procedimento preliminar apuratório e que, na tarde da última sexta-feira (19), prontamente já foi realizada Correição Extraordinária na Deam/DPCA do município. Além disso, a Polícia Civil informa que a Delegada Renata Vieira foi afastada da titularidade da referida unidade preventivamente visando a transparência e regularidade das apurações. Por fim, a Polícia Civil reitera seu compromisso com a legalidade e moralidade, bem como com a celeridade necessária na apuração de fatos desta natureza.
Nota da delegada Renata Vieira:
A Delegada Dra. RENATA VIEIRA informa que presidiu investigação para apuração de eventual crime de extorsão, NO ANO DE 2019, onde o Padre Robson figurava como VÍTIMA, obedecendo os ditames legais e com AUTORIZAÇÃO de seus Superiores, não tendo sido concluído por estar pendente de decisão no Poder Judiciário. Sobre a possibilidade de permitir que a vítima enviasse seu termo de depoimento por e-mail, como a qualquer outra é facultado que o faça, a exemplo das ocorrências virtuais em que a própria vítima relata e digita os fatos.
Quanto a afirmação de troca de favores, todo e qualquer procedimento aberto na Delegacia de sua titularidade seguiram a estrita balisa da lei, sem nenhum benefício relacionado ao desempenho de suas funções com quem quer que seja.
A Delegada acrescenta ainda que recebe com estranheza a menção e divulgação de qualquer mensagem, vazada em procedimento sigiloso do qual não teve sequer a oportunidade de conhecer o conteúdo ou dar a sua versão sobre os fatos, o que foge ao texto Constitucional e denota típica vontade de denegrir, despropositadamente, a sua imagem.
Ainda, que a amizade mantida com o Padre Robson é oriunda de um contexto familiar e vem desde o ano de 2009, desprovido de qualquer influência ou ingerência em suas atividades profissionais. No mais, afirma que irá se manifestar em momento oportuno, apresentando todas as provas materiais que se façam necessárias e comprovem sua lisura profissional.