Histórico de denúncias

Delegado suspeito de estuprar ex-miss trans já foi acusado de tomar dinheiro de hacker preso por extorquir padre Robson

Ele teria incentivado hacker a criar novas contas de e-mail falsas para continuar extorquindo o padre. Corregedoria foi acionada, mas não se pronunciou sobre inquérito

Delegado acusado de estuprar ex-miss trans Kleyton Manoel Dias concede entrevista (Foto: reprodução/internet)

O delegado da Policia Civil de Goiás (PCGO) que no final da semana passada foi acusado de estuprar e agredir uma ex-miss trans em Goiânia foi denunciado também, há três anos, por tomar dinheiro de um hacker que havia sido preso sob acusação de extorquir o padre Robson, então reitor da Basílica do Divino Pai Eterno, de Trindade. Na segunda-feira (8), a mulher trans, que denunciou ter sido estuprada por Kleyton Manoel Dias, prestou novo depoimento à polícia.

O hacker Welton Ferreira Nunes Júnior, que foi preso e condenado por extorquir o padre Robson foi quem, em agosto de 2020, denunciou, na Corregedoria da PC, que foi obrigado a repassar R$ 165 mil ao delegado. Naquela época, Kleyton era titular do Grupo Antissequestro (GAS),da Delegacia Estadual de Investigações Criminais.

Segundo Welton, o próprio Kleyton Manoel foi quem, dentro da delegacia, o incentivou a criar novas contas de e-mail falsas para continuar extorquindo o padre. Em contrapartida, o hacker disse ter recebido algumas regalias enquanto estava preso, como a possibilidade de permanecer solto nas dependências da Deic e de poder fazer suas refeições e até dormir na sala do então titular do GAS.

Na época, a Corregedoria da PC colheu o depoimento do preso, mas afirmou que não se pronunciaria, já que o processo corria em segredo de justiça. Até hoje, a corporação não informou à imprensa se o inquérito já foi concluído, nem qual teria sido o resultado dele. Mesmo com a denúncia, Kleyton Manoel se manteve à frente de importantes delegacias, como o 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia.

Atualmente, ele estava lotado no 8º Distrito Policial de Goiânia, de onde foi afastado no sábado (6), após ser denunciado pela trans.

Ex-miss trans voltou a afirmar que foi estuprada no porta-malas do carro dirigido pelo delegado

Em novo depoimento prestado à polícia na segunda-feira (8/1), a vítima voltou a afirmar que foi estuprada por Kleyton na madrugada da sexta-feira (5). Ela e Kleyton teriam se conhecido durante a festa de um jornalista, celebrada em uma boate do Setor Alto da Glória no dia anterior. Segundo a ex-miss trans, o estupro ocorreu durante carona cedida pelo delegado.

Ela disse também que, após a violência sexual praticada no porta-malas do veículo, foi agredida e desmaiou. Além disso, afirmou que foi deixada nua, na porta de sua residência, no Setor Jaó.

Imagens de câmeras de segurança que já foram repassadas à polícia mostram a mulher, sem roupa, ao lado do carro pertencente à Kleyton, pouco antes das quatro horas da madrugada de sexta-feira (5). Após ser socorrida por um amigo que mora com ela, a trans foi levada a um hospital e realizou exame de corpo de delito. O resultado ainda não foi divulgado.

No sábado (6), o delegado enviou uma nota à imprensa dizendo que ainda não havia sido ouvido no inquérito, afirmou que é inocente e que tudo será esclarecido. A previsão é de que Kleyton Manoel Dias seja ouvido ainda esta semana. A denúncia de estupro e agressão está sendo apurada pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), de Goiânia.