Dentista de Goiânia usa rede social para denunciar agressões do ex-namorado
O advogado de defesa e pai do empresário, Pedro Márcio M. Siqueira, negou a existência de agressões físicas
A cirurgiã-dentista goiana Kamilla Malaquias usou uma rede social, nesta quinta-feira (5), para denunciar as agressões físicas e verbais que sofreu do ex-namorado, o empresário Pedro Márcio Siqueira. Em seu desabafo na internet, a dentista explicou que o motivo de ela precisar expor a situação foi o medo de que o ex-namorado cumprisse a promessa e fizesse algo contra as filhas dela. O advogado de defesa e pai do empresário, Pedro Márcio M. Siqueira, negou a existência de agressões físicas.
O casal ficou junto por nove meses, sendo que há cinco, viviam em união estável. No início de sua denúncia na internet, Kamilla afirma que evitou expor a situação, mas que não aguentava mais “se calar”. Disse também que uma vítima jamais deve ter vergonha de falar sobre a violência vivida. “Eu não vou mais ficar calada. Eu não vou mais esconder tudo que eu passei”, diz.
Segundo a dentista, quando ela e o ex-namorado se conheceram, ele “foi um verdadeiro príncipe”. Inclusive, agia da mesma forma com suas duas filhas, que são crianças. Porém, passados alguns meses, Kamilla diz ter descoberto que o companheiro tinha um histórico de violência e agressões contra outras mulheres. Por já estar envolvida com ele e por, até então, “ele era uma pessoa muito legal”, ela ignorou o histórico negativo.
A primeira agressão contra Kamilla aconteceu após cerca de três meses que o casal estava junto. “Estávamos viajando, e ele ficou chateado porque eu dei muita atenção para um casal de amigos dele. Nesse dia ele deu um chilique na frente de todo mundo, me xingou muito na frente desse casal. A gente voltou pro hotel e ele me agrediu, dando um tapa no meu rosto e me enforcou”.
A dentista lembra que ficou muito apavorada porque até então ele não tinha tido esse tipo de atitude. “No outro dia, ele acordou como se nada tivesse acontecido, chorou muito, parecia arrependido, pediu desculpas, e eu não sei nem explicar por que, continuei com ele”. E desabafou: “Hoje eu paro para pensar, meu Deus, como? Como que eu não parei naquele dia, por que eu não acabei com aquele relacionamento naquele dia? Mas nem eu sei explicar”.
Após esse episódio, as agressões ficaram mais frequentes, segundo Kamilla. “Um dia ele me agrediu em uma boate, falou que iria rasgar minha roupa, porque eu estava conversando com um amigo, que é homossexual, inclusive. Meus amigos viram e ficaram muito bravos com a situação e, desde então, eu parei de sair com eles, por vergonha”.
Ameaças e agressões do ex-namorado
Kamilla também explica que, junto com as agressões físicas, vieram as ameaças. Segundo ela, o empresário tentava intimidá-la usando vídeos íntimos que ele tinha dela. “Inclusive, eu sei que estou correndo um risco muito grande disso, mas eu não vou mais me calar, não vou mais ficar com medo”, lamenta.
Durante o último episódio de violência, ocorrido durante uma viagem em família, os próprios seguranças do hotel acionaram a polícia. Os policiais deram voz de prisão em flagrante à Pedro Siqueira por ameaçar a então namorada. “Ficou três dias preso. Quando soltaram ele, ele me ligou chorando e toda aquela pressão que só eu sei. Uma mistura de ameaça, com coisas que ele tinha minhas”, conta.
“Me envolvi novamente, tentei levar ele no psiquiatra. Quando ele tomava o remédio era visível a melhora. Mas outros dias, se eu postasse uma selfie no celular, dizia que eu estava dando moral para alguém. Se eu não postasse ele no meu Instagram era porque eu estava querendo outra pessoa”, narra a dentista.
O fim
O estopim para o fim do relacionamento, segundo a dentista, aconteceu durante uma briga por um “motivo fútil”. “Ele me trancou dentro do banheiro, colocou uma meia na minha boca para eu não gritar. ‘Você está gritando porque quer que me prendam de novo. Preso eu não vou mais, eu te mato, mas preso eu não vou mais’. Comecei a passar mal e ele filmava eu chorando e tremendo, debochando de mim”.
Kamilla continua seu relato dizendo que o então companherio tirou a meia de sua boca e disse que iria matá-la. Depois disso, a vítima decidiu que iria se separar, mas que antes precisava se preparar para deixar as filhas longe, para que não corressem riscos.
“Saí cedo, contratei um segurança particular. Liguei para ele e disse que queria terminar. Ele quebrou a porta do meu guarda-roupa, quebrou vários objetos meus, me mandou fotos e vídeos todo cortado. Falou que não ia sair de lá. Eu disse que ia chamar a polícia e ele saiu”.
Em uma ligação, gravada por Kamilla, o empresário, sem aceitar o término, fez novas ameaças: “Você tem medo de contar as coisas para mim e eu fazer alguma maldade para você. Quero que você arrume um segurança particular, vai ser melhor. Na hora que eu te ver com alguém eu vou aí te matar e matar essas meninas aí”, se referindo às filhas da dentista.
Mandado de prisão
A advogada de Kamilla, Suzana Ferreira da Silva, informou à imprensa que foi expedido um mandado de prisão contra o empresário, mas que ele ainda não foi localizado.
Ainda em sua rede social, Kamilla postou uma foto que mostra uma publicação do suspeito, em que aparece um passaporte e uma passagem aérea. De acordo com a advogada, o empresário diz estar indo para Dubai, mas ainda não há confirmação se ele realmente saiu do país.
A defesa do empresário
O advogado de defesa e pai do empresário, Pedro Márcio M. Siqueira, informou ao Opopular que o mandado de prisão contra o filho foi expedido sob alegação de descumprimento das medidas restritivas impostas na ocasião em que ele foi preso em flagrante após uma discussão entre dois. Entretanto, o advogado afirma que Kamilla assinou uma declaração, na qual esclareceu que procurou Márcio para reatar o noivado e, portanto, não haveria motivos para manter as medidas restritivas.
A declaração apresentada pela defesa diz ainda que o casal vivia em união estável, e Kamilla pretendia construir um lar e ter filhos com Pedro. Além disso, estaria disposta a ajudar no tratamento do noivo, que é portador de diabetes tipo 1.
O advogado justificou a doença ao fato do suspeito não ter se apresentado à polícia. Segundo ele, o empresário precisará passar por um tratamento de saúde antes do cumprimento do mandado de prisão.
Questionado sobre os áudios com teor de ameaça enviados à Kamilla, o advogado disse que as palavras foram em tom de brincadeira, e que tudo não passou de uma “infantilidade” por parte do filho.
A respeito das denúncias de agressão física, a defesa sustenta que elas nunca existiram e, por isso, “as declarações de Kamilla são falsas”.