Denúncia de pai contra filho que recebeu diploma sem estudar originou operação em Goiás
A denúncia de um pai contra o filho que recebeu certificado de conclusão do Ensino…
A denúncia de um pai contra o filho que recebeu certificado de conclusão do Ensino Superior sem frequentar as aulas deu origem às investigações da Polícia Civil (PC) sobre o esquema de venda de diplomas em Goiás. Suspeita é de que 13 mil alunos tenham adquirido certificados originais emitidos de forma ilegal.
Simultânea à denúncia em questão, a PC recebeu também informações do Sindi cato das Mantenedoras das Instituições de Ensino Superior de Goiás (Semseg), que, inclusive, gerou a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em abril de 2018.
“Tivemos duas denúncias iniciais que levaram às apurações. Uma do pai que veio até a delegacia pessoalmente para denunciar que o filho realizou a matrícula, mas não frequentou as aulas e ainda sim recebeu o diploma. A outra foi a do Semseg sobre venda de certificados e cursos irregulares à distância, que na verdade não acontecia”, disse o delegado responsável pelo caso, Glaydson Carvalho.
Após dez meses de investigações, a PC deflagrou nesta terça-feira (3) a operação denominada Darcy Ribeiro. A ação resultou no cumprimento de 19 mandados de busca e apreensão, bem como apreensão de R$ 440 mil. Até o momento ninguém foi preso. Os envolvidos vão responder por estelionato, falsificação de documentos públicos, associação criminosa e sonegação fiscal.
Ao todo, oito instituições de Ensino Superior Goiânia e em cidades do interior foram alvos dos mandados, além das casas dos proprietários de tais instituições.
Alunos tinham ciência
Conforme o delegado, a maioria dos alunos tinha conhecimento da fraude. “Eles faziam a matrícula, não frequentavam as aulas e recebiam o diploma. Só por este fato você já sabe que tem alguma irregularidade”, afirmou.
O crime, segundo expõe Glaydson, era feito no curso sequencial de gerenciamento de gestão e segurança pública. A durabilidade do curso em questão era de três meses e a certificação era aceita em alguns concursos públicos que exigiam nível superior.
Duas irregularidades, porém, ocorriam nestes cursos. “A primeira refere-se ao fato as faculdades terceirizarem o curso. Assim, as aulas eram ministradas por outras unidades, o que é proibido. A segunda era a venda dos diplomas. Os alunos pagavam as mensalidades e sequer frequentavam os cursos”, explicou.
Os valores pagos variavam entre R$ 1,2 mil e R$ 5 mil. “Isso variou de instituição para instituição. É importante lembrar que estes diplomas não são falsificados, mas eram concedidos sem que os alunos tivessem aula, o que também é proibido”.
As investigações continuam e a Polícia deve ouvir nos próximos dias representantes de faculdades e donos de cursinhos. A corporação trabalha para identificar quantos alunos teriam obtido o diploma sem frequentar as aulas. Certificados podem ser anulados caso fique constatado que foram obtidos de forma irregular. Anulação também pode acarretar eliminação ou exoneração em concursos públicos.