Denúncias de assédio sexual contra crianças caem 55% em Goiás
Até março deste ano, Secretaria de Segurança afirma não ter registrado nenhum crime deste tipo
Um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública revelou que de 2019 para 2020 o número de casos de assédio sexual contra crianças reduziram 55% no Estado de Goiás. Até o mês de março deste ano, o órgão afirma não ter registrado nenhum crime deste tipo. A incidência de estupros também apresentou uma redução de 13,9%, entretanto continuam somando mais de mil casos nos períodos avaliados.
De acordo com a Secretaria, durante todo o ano de 2019 foram registrados apenas nove casos de assédio. Em 2020 o número diminuiu ainda mais, somando quatro casos. Segundo o órgão, os números são um reflexo do trabalho das forças de segurança pública.
Entretanto, a diminuição considerável de casos pode estar relacionada a outro agravante. Uma pesquisa feita no ano passado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Instituto Sou da Paz e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), alerta que crianças e adolescentes podem estar tendo dificuldades em denunciar os abusos.
A dificuldade tem a ver com o fato de os crimes acontecerem majoritariamente em ambiente doméstico e de que, desde o início de 2020, as vítimas estão isoladas com os possíveis abusadores. “Nossa hipótese – de que os estupros não diminuíram, mas as denúncias sim – leva à triste constatação de que há um grande número de meninas e meninos que foram ou estão sendo vítimas de violência sexual, ocultos pela ausência das denúncias”, sustenta o relatório.
Em Goiás, foram registrados 261 crimes de estupro contra crianças de 0 a 11 anos até março de 2021. Segundo a Polícia Civil, é importante que os familiares reparem no comportamento dos menores, já que nem sempre as vítimas conseguem denunciar os crimes.
Em abril, na cidade de Itaberaí, um abuso de um primo contra uma criança de 6 anos só foi descoberto graças a atenção da mãe, que notou a mudança repentina no comportamento da filha. “A mãe disse que ela passou a tampar as partes íntimas na hora do banho e estava com dificuldade de dormir”, detalhou o tenente Leal, da PM. A criança teria confirmado o crime aos militares, informando inclusive a data do último abuso.
Neste mês de maio, as ações da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Goiânia (DPCA) foram intensificadas, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil. A data foi determinada em memória à menina Araceli Crespo, de 8 anos, sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES). O crime brutal, de grande repercussão, ficou impune, com os três réus acusados sendo absolvidos anos depois.