Motorista de aplicativo

Depois de matar motorista de aplicativo, autor confessa ter violado o corpo

Novas informações finalmente esclareceram, em partes, o homicídio da motorista de aplicativo Vanusa Ferreira (36),…

Novas informações finalmente esclareceram, em partes, o homicídio da motorista de aplicativo Vanusa Ferreira (36), morta na madrugada do último sábado (19), pelo serralheiro Parsilon Lopes dos Santos (45), também conhecido como Camargo. De acordo com a titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Mayana Resende, elementos colhidos em depoimentos comprovam o interesse sexual do suspeito confesso em relação à vítima. Segundo a policial, Camargo empurrou Vanusa e caiu sobre ela, que bateu a nuca em um meio-fio. “Depois do óbito, ele despiu a vítima e a si próprio e praticou atos libidinosos”, revela.

Apesar dos eventos da noite daquela sexta-feira (18) terem culminado na morte da motorista, a delegada reforça que não havia tensão quando Vanusa – que também era enfermeira – saiu de seu trabalho no Hospital de Urgências da Região Noroeste de Goiânia (Hugol) para buscar uma dupla sertaneja agenciada por Camargo no Terminal Rodoviário da capital. O itinerário incluía buscar o serralheiro/empresário em um bar e conduzir o grupo até a casa de shows, A Sertaneja, onde os músicos se apresentariam.

(Foto: reprodução/instagram)

Os problemas começaram durante a noite, quando todos, menos Vanusa, passaram a consumir bebidas alcoólicas. De acordo com Mayana, foi quando Parsilon passou a expor suas intenções com a motorista. “Começou a demonstrar interesse nela, que sempre recusava as investidas e inclusive ressaltou que era homossexual. Depois da apresentação, por volta das 3h30 de sábado, Vanusa partiu com o grupo para o Bairro Feliz, onde deixou os músicos e saiu, apenas com Camargo, para uma chácara, nas proximidades de onde o carro dela foi encontrado, no Jardim Copacabana, em Goiânia”.

No imóvel, onde Camargo dormia enquanto prestava serviços de serralheiro, as investidas do suspeito confesso se intensificaram. “Segundo ele, dentro do carro, tinha ficado claro que havia um clima entre os dois. Ele alega ainda que a moça esperava uma mulher chegar para depois ir embora e, enquanto isso não acontecia, convidou-a para entrar. Ela aceitou e, de acordo com ele, essa foi a confirmação de que ela também queria ter relações com o suspeito”. Porém, diante de diversas negativas, ele – que estava muito bêbado – percebeu, segundo Mayana, que nada aconteceria caso ele não forçasse a situação.

“Percepção”

Para a delegada, Camargo entendeu que para ficar com Vanusa teria que cometer um ato de violência. Como ela estava resistindo, ele percebeu que as tentativas da mulher em se desvencilhar dele poderiam impossibilitar o estupro. “Foi quando ele a agarrou e a jogou no chão, caindo por cima dela, que bateu a cabeça contra um meio-fio. Percebendo que ela estava desacordada, o homem então pegou a vítima pelos braços, jogando-a para o lado, de forma que ela bateu a cabeça novamente, o que provocou o óbito”.

Diante da certeza de ter causado a morte da motorista, Camargo não parou. “Na sequência ele despiu a vítima e a si próprio e passou a realizar atos libidinosos. Depois disso, ele ainda arrastou o corpo para um barranco, dentro da própria propriedade, onde o corpo foi encontrado”. Mesmo sem habilitação para dirigir, o homem então levou o carro para o Jardim Copacabana e então coletou objetos pessoais da mulher, os quais foram descartados em um lote baldio.

Camargo sendo levado de volta à cela depois de apresentação à imprensa (Foto: Hugo Oliveira/Mais Goiás)

Conforme expõe a delegada, Camargo então se dirigiu a um hotel, onde passou a noite. “Depois que o dinheiro acabou, ele saiu da hospedagem e passou a vagar sem rumo. Foi quando agentes da Polícia Militar resolveram abordá-lo. Primeiramente ele negou o crime, dizendo que não se lembrava por estar bêbado, mas depois acabou confessando”. Parsilon será indiciado por tentativa de estupro, homicídio qualificado – feminicídio e motivo torpe – e vilipêndio de cadáver. O envolvimento dos músicos agenciados por ele foi descartado, porém, mais detalhes podem surgir com a divulgação dos laudos a serem expedidos pelo Instituto Médico Legal (IML).

Assassino confesso

Parsilon foi apresentado à imprensa na manhã desta quarta-feira (23) e concedeu entrevista. Ele afirmou ser um cidadão honesto e que, apesar de ser alvo de seis ocorrências de ameaça e violência contra a mulher praticados contra sua ex-companheira, não tinha intenção de matar Vanusa. “Sou trabalhador, esforçado, foi uma fatalidade, errei e quero pagar o que eu fiz. Mas se for pegar tudo o que aconteceu, foi um acidente. Estupro é uma palavra muito forte”.

Ele então deu sua versão para os fatos. “Chegando na chácara, fiz umas gracinhas para o lado dela, mas ela não queria. Eu estava muito bêbado, ruim, tentei abraçar ela e nós dois caímos. Lá tem um morrinho, onde ela bateu a cabeça. Quando me levantei ela acabou batendo novamente”. De acordo com Camargo, esta foi a primeira vez que “deu em cima” da motorista. “Já viajamos várias vezes, nunca deu nada. Sabia que ela gostava de mulher e nunca tentei, mas dessa vez eu estava muito bêbado”.

Questionado, ele afirmou que pensou em chamar socorro, mas acabou desistindo porque estava muito nervoso. “Recebi um monte de fotos e mensagens de gente que estava me procurando, querendo me matar”. Porém, ao invés de socorrer Vanusa, Camargo confirma ter optado por abusar da mulher, já morta. “Cheguei a fazer, mas não satisfiz a coisa. Não teve penetração, totalmente não. Ela já estava morta”.

Confira a entrevista completa com Parcilon:

Família

Jaqueline Ferreira e Rafaela Kedna, filha e sobrinha da vítima, acompanhadas de uma amiga de Vanusa, compareceram à Deic nesta manhã para recolher os bens recuperados da motorista. Rafaela falou com o Mais Goiás. “Viemos pegar uma mochila, um par de sapatos e um relógio. O celular não foi encontrado. Apesar de tudo, estamos confiantes no trabalho da polícia. A delegada disse que já está tudo encaminhado e que ele permanecerá preso. Aguardamos uma resposta da Justiça”.