“Tiro na cara”: Comissão de Ética analisará declaração do deputado Amauri
Além disso, a Câmara Municipal também prometeu as "medidas jurídicas cabíveis" contra o deputado Amauri Ribeiro
A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) confirmou que a Comissão de Ética da Casa vai apurar declarações feitas pelo deputado Amauri Ribeiro (Patriota), que afirmou na tribuna do plenário que a vereadora Luciula do Recanto (PSD) “merecia um tiro na cara”, se referindo a uma ação de resgate de galos usados em rinhas que teve participação da parlamentar em maio deste ano.
O parlamentar fez as declarações na última quinta-feira (5). De acordo com Ribeiro, uma pessoa que “invade uma casa” como, segundo ele, fez a vereadora, “não merece viver”, mas sim “um tiro na cara”. “Eu fico puto quando vejo uma vereadora, igual essa aí de Goiânia que se diz protetora de animais, arrebenta o portão da casa de um cidadão, sem mandado, sem ordem judicial, porque ela também não é polícia, nem com ordem ela podia e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara. Quem invade o que não é seu, não merece nem viver”.
Em nota, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Goiânia repudiou as palavras de Ribeiro e informou que “está tomando as medidas jurídicas cabíveis em resposta às manifestações ‘intimidatórias’ e ‘em tom de ameaça’ feitas pelo parlamentar contra a vereadora”. “A Mesa Diretora determinou nesta sexta-feira (6/8) à Procuradoria Geral a adoção das medidas legais cabíveis em defesa da honra e do livre direito de atuação, manifestação e expressão da vereadora e dos demais 34 vereadores que compõem o Plenário do Poder Legislativo da Capital”.
O presidente da Comissão de Ética da Alego, Gustavo Sebba (PSDB), em entrevista a um veículo local, também condenou os ataques feitos por Ribeiro. “Ele teria que estar discutindo questões importantes para o Estado, no combate à pandemia e pós-pandemia, dentre outros assuntos, e não entrando em questões pessoais dele, defendendo rinhas de galo e fazendo ameaças de morte a uma vereadora por esta fazendo o papel dela”, declarou.
Ao Mais Goiás, o deputado Amauri Ribeiro disse que mantém o que declarou no plenário da Alego, mas que não foi diretamente contra a vereadora, mas contra quem se encaixa na situação de “invasão de propriedade”. O parlamentar afirmou ainda que “os outros deputados” da Casa também pensam como ele. “Quem invade propriedade particular merece levar tiro na cara […]. Além disso, ela também roubou os bens do cidadão, os animais, que estavam na casa”, afirmou.
Após ataque, vereadora diz que mudou rotina por medo
Procurada pelo Mais Goiás, a vereadora Luciula do Recanto falou sobre o caso. A parlamentar esclareceu sobre a situação mencionada por Ribeiro e informou que, à època do ocorrido, ela estava acompanhada de agentes da Guarda Municipal e detinha um termo de fiel depositária dos animais, assinado na delegacia. “Eu tinha o termo. A gente poderia entrar no local porque ainda estava no flagrante. A lei permite que entremos. Não fui lá sem documentação. Eu tinha que pegar os galos e eles estavam presos”, pontuou, destacando que o homem encontrado no local foi preso.
Luciula contou ainda que, após os ataques feitos pelo deputado, precisou alterar sua rotina por medo da ameaça. “Tive que mudar toda a minha rotina e é muito triste essa situação, porque é uma mulher que está sendo ameaçada por fazer seu trabalho e dentro da lei”, lamentou.
A vereadora confirmou que vai registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil nesta terça-feira (10) e, além disso, também vai acionar o Ministério Público contra o deputado Amauri Ribeiro.