Descarte errado de objetos cortantes machuca dez garis em Goiânia por mês, em média
Apesar de usarem luvas, uniformes com camisa de manga comprida, acidentes ainda são recorrentes
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) registra, mensalmente, cerca de 10 acidentes com servidores ocasionados por objetos cortantes e perfurantes, descartados de forma incorreta pela população. Cacos de vidros, agulhas, seringas, espetinhos de churrasco e latas mal acondicionados em sacos de lixo causaram mais de 60 acidentes com os colaboradores nos últimos seis meses.
Durante o expediente, garis utilizam equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, uniformes com camisa de manga comprida, calça, e calçados fechados tipo bota. Todos esses itens servem para preservar a integridade física do servidor. Entretanto, mesmo com todo aparato de proteção, os acidentes são recorrentes, devido à falta de conscientização dos moradores.
Um levantamento realizado pela Comurg mostra que os objetos que mais causam acidentes são cacos de vidros e de cerâmica, espetinho de churrasco, agulhas e pregos. A lista também engloba parafusos, pregos e arames. Mensalmente, o departamento de Segurança e Medicina do trabalho da Comurg (Sesmt) registra de cinco a 15 acidentes ocasionados por esse tipo de material. Em 2021, foram mais de 120 registros.
O presidente da Companhia, Alisson Borges, orienta a população a ter cuidado na hora de descartar materiais cortantes, pelos riscos que oferecem aos garis. “Não se deve descartar o vidro quebrado, por exemplo, diretamente dentro do saco de lixo. É preciso embalar bem e, se possível, identificar o material descartado, para que o coletor fique alerta e tome os cuidados necessários”, observa.
Garis se machucam devido descarte incorreto
Na última quarta-feira (29), o coletor Reginaldo Sérgio Nunes iniciou sua rotina às 07h, no Setor Madre Germana. Porém, às 9h40, sofreu acidente ao apanhar sacola plástica com cacos de vidro soltos. Ele cortou o dedo indicador esquerdo e precisou ser encaminhado a um hospital, onde levou pontos na ferida.
“Já perfurei a mão três vezes com agulhas. Já tive cortes na perna, e em outros locais. As pessoas precisam se conscientizar e embalar corretamente os vidros. Estamos trabalhando para garantir a limpeza e saúde pública na cidade”, afirma Reginaldo, que trabalha na Comurg desde 2009 e já foi vítima de cinco acidentes com objetos cortantes.
Fato semelhante ocorreu com o gari Paulo Roberto. Na última semana, ao realizar coleta orgânica no Setor Recanto do Bosque, o profissional se machucou com um caco de vidro. O incidente gerou corte profundo, alcançando o tendão do dedo médio da mão direita.
O colaborador foi encaminhado a uma unidade de saúde, onde recebeu tratamentos necessários. Ele precisará ficar afastado das atividades por três meses.
Como descartar objetos cortantes de forma adequada?
A supervisora do Registro de Comunicação de Acidentes de Trabalho, Valéria Oliveira, destaca algumas dicas acessíveis à comunidade, fundamentais para a segurança dos trabalhadores. Confira abaixo.
- Embrulhe os pedaços de vidro de copos, pratos, taças, louças, espelho, ampolas e outros perfurocortantes em jornais, papelões, caixas de sapato ou de leite e embalagens plásticas (pet).
- Pregos, parafusos, lascas de madeira e/ou objetos pontiagudos como palitos de espetinhos no saco de lixo, seguem a mesma recomendação. Coloque em latas, embalagens plásticas (pet), ou embrulhe-os em grandes volumes de jornal.
- Identifique o tipo de material naquela embalagem, para o gari manusear com cuidado.
- Coloque o lixo em sacos resistentes e bem fechados.