Descoberto golpe que desviou R$ 1 milhão do Tribunal de Justiça de Goiás
Três pessoas foram presas acusadas de fraudar documentos para receber dinheiro de processos judiciais de terceiros
Após três meses de investigações, agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Decarp) prenderam nesta sexta-feira (4) três suspeitos de falsificar documentos para receber dinheiro de processos judiciais de outras pessoas. A suspeita da polícia é que em menos de um ano a quadrilha tenha conseguido fraudar 11 alvarás, obtendo com eles mais de R$ 1 milhão.
Segundo o delegado Rômulo Figueredo Matos, adjunto da Decarp, um dos três presos, que já trabalhou no Fórum de Goiânia, onde aprendeu como funciona o Sistema de Primeiro Grau (SPG) do Poder Judiciário, era quem comandava o esquema. “Após terem acesso a extratos bancários na sala da OAB do Fórum eles conseguiam o número de processos de pessoas que tinham direito a receber valores decorrentes de acordos judiciais. Posteriormente, usando a senha que foi copiada de um estagiário sem que ele soubesse, os golpistas entravam no sistema, abriam o processo e colocavam o nome de outra pessoa como sendo o beneficiário. Por fim eles falsificavam a assinatura do juiz e depois era só mandar essa pessoa no banco com o alvará judicial falso para sacar o dinheiro”, relatou.
Dois dos três presos hoje, ainda de acordo com o delegado, já haviam sido autuados em flagrante pelo mesmo crime em janeiro deste ano na Deic. “Eles saíram poucos dias após a prisão e continuaram aplicando o mesmo golpe”, lamentou Rômulo Figueredo.
O delegado divulgou somente o primeiro nome dos dois presos, Ricardo e Rondriander, que segundo ele são formados em Direito e se passavam por advogados mesmo sem ter a carteira da OAB, e afirmou que não iria expor o terceiro suspeito porque ainda não sabe qual foi a participação dele no golpe. Pelo menos um advogado, ainda de acordo com Rômulo Figueredo, também faz parte do esquema. Este advogado, ainda de acordo com o delegado, deve ser indiciado já na próxima semana.
Além dos três mandados de Prisão Temporária a Decarp também cumpriu hoje seis mandados de busca e apreensão e outros três de condução coercitiva em Goiânia, Aparecida de Goiânia e em Barra do Garças no Mato Grosso. Os três presos e demais envolvidos que forem identificados no decorrer do inquérito, segundo o adjunto da Decarp, responderão por estelionato, associação criminosa, falsificação de documento público e lavagem de dinheiro, crimes que somados tem pena de reclusão superior a dez anos.