Desde 2011, Goiás registra média de 6,5 mil incêndios florestais por ano
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e durante o período de seca…
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e durante o período de seca as vegetações podem sofrer queimadas espontâneas. Esses focos naturais de incêndio são considerados benéficos para a germinação de sementes e para a ciclagem de nutrientes do solo. No entanto, ações humanas têm feito com que fogo criminoso se alastre por regiões cada vez mais extensas, ocasionando, muitas vezes, o esgotamento das terras, erosão e o extermínio de espécies nativas. Um levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros de Goiás revelou que, desde 2011 a corporação já atendeu uma média 6,5 mil ocorrências de combate a incêndios em vegetação por ano.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, localizado no nordeste do Estado de Goiás, é uma das zonas mais afetadas pelas chamas. No ano de 2020, foram cerca de 79 mil hectares atingidos pelas queimadas. Desse total, 69,5% fazia parte da APA (Área de Proteção Ambiental Pouso Alto), que tem como objetivo preservar a biodiversidade do local das ações do homem. A região de Pouso Alto é a quarta unidade de preservação mais afetada pelas queimadas do país. Ao todo são 893,6 quilômetros quadrados queimados, que representam quase 6% do total, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A boa notícia é que, segundo especialistas, o Cerrado apresenta um rápido poder de recuperação, pouco tempo depois da queimada natural. A vegetação rebrota e atrai diversos animais herbívoros, por exemplo. Além disso, equipes do Inpe e dos Bombeiros acompanham os focos de incêndio e evitam que as chamas extrapolem o natural. Durante a chamada Operação Cerrado Vivo, militares e especialistas se dividem em duas etapas com o objetivo de prevenir, preparar e combater os incêndios florestais.
Cerrado Vivo
Na primeira etapa, equipes do Corpo de Bombeiros realizam ações de prevenção e preparação, de janeiro ao mês junho. Neste primeiro semestre são feitas parcerias com sindicatos rurais, treinamento de brigadas para atuação em áreas rurais, distribuição de cartilhas educativas e visitas em propriedades rurais. Tudo isso para garantir a conscientização da importância da preservação do meio ambiente.
Já na segunda etapa, que vai de julho a dezembro, é a fase de resposta quando há emprego de reforço operacional para o combate dos focos de incêndio em todo Estado de Goiás. Dados dos bombeiros apontam que, somente em 2020, as equipes atuaram diretamente em 10.311 ocorrências desta natureza. Em 2021, esse número já é de 1.840 ocorrências.
Ao Mais Goiás o tenente Ailton Araújo explicou que, desde 2020, as principais incidências de queimadas têm acontecido em zonas urbanas, majoritariamente em lotes baldios. A preocupação das autoridades é que as queimadas aumentem de forma descontrolada e, principalmente, ocorram por conta da ação humana e não de maneira natural e saudável como previsto.
A força-tarefa contará com o reforço de drones, que monitoram áreas sujeitas aos incêndios nesta época do ano, devido à baixa umidade relativa do ar e aumento da temperatura ambiente. Os aparelhos, segundo os bombeiros, conseguem oferecer uma visão panorâmica do terreno e, além disso, ajudam a determinar para onde o fogo está deslocando.
Incêndios urbanos
Além do combate às queimadas, a operação também atuará com ações de fiscalização de incêndios urbanos, por meio de parceria com as prefeituras. Neste ano, já são 1.363 incêndios urbanos. Em maio, uma idosa perdeu a casa em que vivia depois um carregador de celular provocou curto-circuito nos fios de energia elétrica. Agora, a família conta com a ajuda popular, em uma vaquinha on-line, para arrecadar verba para reconstruir o lar da idosa.
O tenente Ailton Araújo reforça a importância da conscientização da população a respeito das queimadas. Não atear fogo em lixo ou em lotes baldios e evitar jogar bitucas de cigarro no chão, por exemplo, são ações simples e que ajudam a manter o meio ambiente em equilíbrio e menos poluído, segundo o militar.