MEIO AMBIENTE

Desmatamento em Cavalcante atinge 1,7 mil hectares da Chapada dos Veadeiros

Ao todo, foram aplicados 13 autos de infração por desmatamento em fazendas na região. As multas chegam a R$ 3,5 milhões

Foto ilustrativa de mineração (Foto: Semad/Divulgação)

Com monitoramento de imagens de satélite e trabalho de inteligência, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) identificou 24 pontos de desmatamento na Chapada dos Veadeiros, no município de Cavalcante, Nordeste goiano. Ao todo, foram aplicados 13 autos de infração por desmatamento de mata nativa do Cerrado em fazendas na região. As multas chegam a R$ 3,5 milhões.

O trabalho de monitoramento envolveu comparação das imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) captadas desde 2016. Com isso, os técnicos da pasta conseguiram localizar pelo menos 2.500 hectares nos 24 pontos identificados de derrubada de mata nativa na região da Chapada dos Veadeiros.

Com as informações em mãos, a equipe da Semad, em parceria com o suporte do Grupo Tático 3, da Polícia Civil, e policiais militares, foram até fazendas da região. Em uma delas, por exemplo, pertencente ao prefeito de Cavalcante, Josemar Saraiva Freire (PSDB), parte da mata nativa e sob proteção de Área de Proteção Ambiental (APA) foi derrubada. O chefe do Executivo local afirmou que tinha licença para fazer a limpeza, mas o documento não tinha validade, segundo a Semad. Ele foi multado em R$ 169 mil.

Em outro ponto identificado, foi flagrado o transporte de madeira retirada sem documento de origem florestal. O motorista foi multado em R$ 600 e encaminhado para a delegacia da região. 

Ouro e manganês

Outros seis autos de infração foram aplicados em atividades de mineração, que chegam a R$ 318 mil. Em uma das propriedades, que explorava ouro de forma irregular, os agentes flagraram quatro balsas. Foram apreendidos quatro motores, 100 ml de mercúrio, três balanças de precisão, uma bateria e um compressor. Três pessoas foram autuadas em R$ 50 mil cada, totalizando R$ 150 mil.

A extração de manganês de forma irregular por uma empresa também foi flagrada.

Além das atuações in loco, o trabalho da operação continua. Com a identificação e autuação de outros pontos de desmatamento localizados a partir das imagens de satélite. São mais 800 hectares sob monitoramento. Alguns deles em área quilombola dos Kalunga. Parte das propriedades já foram embargadas

Monitoramento

De acordo com o superintendente de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da Semad, Robson Dizarz, a operação faz parte de um novo direcionamento que a pasta ganhou a partir de 2019, com a criação da gerência de rastreamento. Com monitoramento de desmatamentos irregulares por todo o estado. Neste sentido, operações deste tipo serão mais comuns.

“Optamos por fazer nossa primeira operação no Nordeste goiano por ter muita mata nativa de Cerrado ainda intacta. Nossa próxima ação ainda está em preparação, em que já identificamos também outros pontos de desmatamento. Mas mantemos sob sigilo até para realizar flagrantes”, aponta.