Desmatamento em Território Kalunga é feito por empresa de mineração
“Inacreditável que, nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, precisemos coibir o desmatamento ilegal”, diz Andréa Vulcanis, secretária do Meio Ambiente
Segundo a secretária do Meio Ambiente, Andréa Vulcanis, a operação Cavalcante comprovou quase mil hectares desmatados no Território Kalunga, em Cavalcante. Em live da Semana do Meio Ambiente, ela afirmou que ação foi identificada em duas fazendas vizinhas, “composição de uma mesma propriedade, arrendadas por uma empresa de mineração”. Para o desmate, foram utilizados tratores e correntões em um local de mata virgem, onde nunca tinha ocorrido intervenção.
A operação ocorreu nesta quinta-feira (4) para conter e punir as ações criminosas de desmatamento registradas no território Kalunga, em Cavalcante, mas teve início no dia da denúncia, terça-feira (2), segundo a titular da secretaria. Vale destacar que as denúncias foram apuradas por ativistas e membros do Conselho Municipal de Turismo de Cavalcante.
O presidente do conselho, Rodrigo Batista Neves, disse que as ações foram feitas por um grupo de São Paulo e tiveram início em 1º de abril. Porém, apenas nesta semana foi possível perceber o que ocorria. De acordo com ele, toda a comunidade foi pega de surpresa e o desmatamento visaria o plantio de soja, tendo, inclusive, atingido quatro nascentes.
Nascentes e plantação de soja
Questionada se houve intervenções em nascentes, a secretária Vulcanis afirma que não se verificou, até o momento, ações em recursos hídricos. Segundo ela, um caseiro da fazenda, que foi ouvido nesta quinta-feira, disse ter pedido aos condutores dos tratores e correntões que não passassem perto de áreas de prevenção permanente, o que demonstra, diz ela, que existia consciência da ação ilegal.
Sobre o plantio de soja, ela afirma não estar confirmada essa questão, uma vez que a região desmatada está em local distante da cidade, cerca de 1h30 de Cavalcante, e de difícil acesso. “O que seria de difícil viabilidade econômica para a agricultura.”
Além disso, apesar do desmatamento ter sido realizado em área plana e com a verificação de minério para o corrigir solo (cerca de 300 toneladas de calcário), Andréa lembra que atividade foi feita por uma empresa de mineração. “Hoje conseguimos mapear 530 hectares de uma das fazendas, mas amanhã (sexta-feira), as equipes prosseguem com os demais levantamentos”, adianta.
Demora em perceber
A própria secretária Andréa Vulcanis levantou a questão: “Como se desmata mil hectares e ninguém vê?” Segundo ela, o monitoramento é realizado por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que realiza o levantamento de imagens e faz o alerta, o que não tem periodicidade diária. No caso da Amazônia, inclusive, ela cita que estas ocorrem duas vezes por ano.
“Então, só temos como fazer o controle depois que acontece. Infelizmente, é assim em todo o País.” De acordo com ela, já existem estudos para a criação de um algoritmo para agilizar esse processo, mas isso ainda não está em funcionamento. “Foram imagens bastante chocantes. Inacreditável que, nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, precisemos coibir o desmatamento ilegal.”
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