Trânsito

Detran: gravidade e quantidade de infrações passam a ser determinantes na de suspensão de CNH

Novas regras para definição de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) entraram em vigor…

Novas regras para definição de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) entraram em vigor na última terça (10), quando o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) publicou a portaria 513/2018 no Diário Oficial do Estado (DOE). A medida muda a forma de aplicação da penalidade. Se antigamente todos que atingissem 20 pontos na habilitação no prazo de 12 meses recebiam punições equânimes – suspensão de seis meses a um ano; ou de oito meses a dois anos, esta última em caso de reincidência –, agora a penalidade será calculada com base na quantidade e gravidade das infrações cometidas no referido período. Atualmente, 1.500 condutores enfrentam processos dessa categoria em Goiânia.

O gerente de fiscalização e aplicação de penalidade do órgão, Aylon José de Oliveira Júnior, explica que a principal mudança ocorre na determinação do tempo mínimo de suspensão. “Antes o mínimo era de seis meses, agora, variando de acordo com a quantidade de infrações cometidas e também considerando a gravidade delas, esse período inicial irá variar, podendo ser de sete, oito, nove ou mais. Antigamente só a pontuação era considerada, independentemente do tipo de infração. A intenção é equilibrar a punição de acordo com cada caso. Quanto mais pontos, mais severa será a punição”.

Aylon reforça que o sistema do Detran irá fazer os cálculos de penalidade de forma automática. “No momento em que a pessoa for notificada, o sistema já faz o serviço de forma automática para a suspensão. Se tem uma infração gravíssima e for reincidente, ao invés de começar com seis, já começa com sete, por exemplo,”. Serão consideradas infrações obtidas a partir de julho de 2016 que estão em processo de recurso. “Quando passar toda a defesa é que o condutor é notificado, aí a infração é registrada no prontuário dele”, detalha.

A regra também possui exceção. O gerente explica que, em casos de embriaguez ao volante, a suspensão continua sendo imediata. “Foi pego dirigindo bêbado, terá a carteira suspensa no mínimo por um ano e, caso seja reincidente, pode receber o dobro desse período e até ser alvo de cassação. Além disso, há o fator multiplicador que aumenta em 10 vezes o valor da multa gravíssima, atingindo os R$ 2.940”.

Perspectiva do motorista

O condutor Alcínio Alves Pereira, 30 anos, reprova a iniciativa. Para ele, a medida é desproporcional. “Considero errado a suspensão por pontos. Hoje, a gente paga para ser habilitado, é uma coisa que você adquire, o governo não te dá. Então não deveria ocorrer nesse caso. Por outro lado, ele concorda na aplicação em casos de crime de trânsito. “Se o indivíduo atropela alguém, dirige bêbado ou comete algum crime de trânsito aí sim a pessoa merece ter o direito suspenso”, revela ele que – neste ano – ainda não recebeu pontuação.

Já o aposentado Wilson Batista de Lima, 66 anos, que dirige há 39, considerou a novidade “excelente”. “Achei bem mais justo, cada um agora vai ser punido de acordo com o erro que cometer. Mas não acho que isso irá gerar um reflexo considerável no trafegar pela cidade, porque o trânsito daqui de Goiânia é muito ruim. Mas quem sabe, a parte mais sensível do motorista é o bolso, né… Posso falar por mim, ficarei mais cuidadoso”, observa.

Wilson acredita que mudança trará benefícios ao trânsito “caótico” de Goiânia (Foto: Hugo Oliveira/Mais Goiás)

Motorista profissional, Weliton Ferreira Castro, 39, tem duas opiniões, uma para pessoas que dependem da CNH para trabalhar e outra para quem utiliza o direito apenas para se deslocar.

Trabalhadores serão prejudicados na visão de Weliton (Foto: Hugo Oliveira/Mais Goiás)

“Eu dependo disso para o meu trabalho, então acho que profissionais deveriam ter uma tolerância maior. Sem a CNH não sustento minha família e, de outro lado, o trânsito piora a cada dia. Dirijo um caminhão, as ruas são apertadas, há poucos locais de estacionamento então entendo que não há condições suficientes para que a gente cumpra. Tinham que melhorar antes de cobrar. No geral, entretanto, acho que a medida causará mudanças positivas. Doendo no bolso, o pessoal respeita”.