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Dia de Finados: Saiba onde estão sepultados os pioneiros de Goiânia

Pioneiros de Goiânia nas mais variadas áreas, da política à artística, estão sepultados em cemitérios da capital

Pioneiros de Goiânia nas mais variadas áreas, da política à artística, estão sepultados em cemitérios da capital. Na imagem, túmulo de Pedro Ludovico Teixeira e família (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Nos cemitérios de Goiânia repousam aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram significativamente com a construção da capital, seja política, social ou culturalmente. Nomes marcantes que vão desde Pedro Ludovico Teixeira e Heitor Moraes Fleury até Antônio Poteiro e Hélio de Oliveira têm seus túmulos em destaque em datas como o Dia de Finados, quando os goianienses lotam os cemitérios para honrar a memória de entes queridos.

Parte majoritária dos pioneiros de Goiânia está sepultada no Cemitério Santana, no Setor dos Funcionários, em Goiânia – o primeiro projetado como cemitério-cidade e que possui um considerável acervo funerário em Art Dèco. Alguns túmulos se destacam, como o da família de Pedro Ludovico onde uma estátua em tamanho natural de Jesus Cristo chama a atenção de quem passa.

Já outros túmulos de figuras proeminentes, como o de Venerando de Freitas, primeiro prefeito de Goiânia, passam batido por não terem nem mesmo identificação.

Dia de Finados: veja abaixo 10 pioneiros de Goiânia e onde estão sepultados.

Alfredo Nasser: 1907-1965

Cemitério Santana – localização do túmulo: D914

Jornalista, professor, advogado e servidor público e filho de imigrantes libaneses, Alfredo Nasser se destacou como homem público de Goiás. Exerceu os mandatos de deputado estadual, deputado federal e senador da República, além de ter ocupado o cargo de ministro da Justiça no governo Tancredo Neves. Em 1967, a sede do Poder Legislativo de Goiás foi batizada de Palácio Alfredo Nasser, nome que leva até hoje. Segundo o doutor pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), Nilson Jaime, Nasser “será sempre lembrado como o maior nome da oposição a Pedro Ludovico em Goiás”.

Alfredo Nasser (Foto: Câmara Federal / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Pedro Ludovico Teixeira:  1891 – 1979

Cemitério Santana – localização do túmulo: F1305

Marcado como grande nome de Goiânia, “a ponto de ter governado praticamente 15 anos em um regime de exceção”, mas sem ser lembrado como um ditador, é o que diz o professor Nilson Jaime. Pedro Ludovico está enterrado ao lado da esposa, Gercina Borges, e outros cinco familiares. O homem responsável por escolher o local que se tornaria a capital de Goiás possui em sua lápide a síntese de sua participação na história da cidade: “Um homem que fez tudo pelo progresso de Goiás construindo Goiânia”. Situada na avenida que carrega o nome da esposa, a casa onde morou, cuja construção foi inspirada no estilo Art Déco, é atualmente um museu, com vasto acervo, tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado.

Pedro Ludovico Teixeira (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Hélio de Oliveira: 1929 – 2020

Cemitério Santana – localização do túmulo: B443

Hélio de Oliveira deixou um legado de mais de 100 mil registros fotográficos, sendo grande parte dos primeiros anos de Goiânia. Foi o primeiro fotógrafo do governo estadual de Goiás e, do Palácio, registrou em suas fotografias o crescimento da capital Goiânia. Desde o governador Pedro Ludovico Teixeira, nos anos 1950, Hélio esteve ao lado de todos os governadores até Marconi Perillo. Para o professor Nilson Jaime, a figura de Hélio de Oliveira faz parte da iconografia goianiense. “Registrou as primeiras casas, os primeiros momentos da capital”. O fotógrafo, sepultado no Cemitério Santana, está em um túmulo discreto, com uma pequena placa de identificação.

Hélio de Oliveira (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Venerando de Freitas Borges: 1907-1994

Cemitério Santana – localização do túmulo: E1587

O primeiro prefeito de Goiânia não tem placa de identificação no túmulo. O Mais Goiás apurou que a família acabou desistindo de colocar após vândalos furtarem as placas anteriores. Contador, professor e jornalista, nomeado o primeiro prefeito da capital de Goiás por Pedro Ludovico, em 1935, Venerando ocupou o cargo por dez anos. De acordo com Nilson Jaime, o político “não é lembrado por ter sido o melhor prefeito, tivemos muitos bons. Mas é lembrado por ter sido o primeiro. Essa é marca dele”.

Venerando de Freitas (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Berenice Artiaga: 1916 – 2012

Cemitério Santana – localização do túmulo: G1695

Professora e funcionária pública, Berenice Teixeira Artiaga foi a primeira mulher a eleger-se para o Legislativo Estadual, sendo a primeira deputada de Goiás. É mãe do ex-prefeito de Goiânia, Índio Artiaga, e esposa de Getulino Artiaga, militar e ex-deputado goiano que hoje dá nome ao Plenário da Assembleia Legislativa. Berenice foi eternizada na Assembleia com a criação da Comenda Berenice Artiaga, concedida a mulheres de destaque no Estado de Goiás. Está enterrada no jazigo da família Artiaga, junto com o filho Ibirá de Artiaga.

Berenice Artiaga (Foto: Alego / Jucimar de Sousa – Mais Goias)

Padre Pelágio: 1878 – 1961

Cemitério Santana – localização do túmulo: A141

Padre Pelágio Sauter nasceu numa pequena aldeia na Alemanha e chegou ao Brasil em 1909, vivendo no Rio de Janeiro, São Paulo e, em seguida, Goiás – onde cumpriu sua missão redentorista por 47 anos. O município em que mais atuou foi em Trindade, fato que, segundo o professor Nilson Jaime, faz com que “sua figura seja muito mais ligada a Trindade do que a Goiânia”. Em 2005, foi inaugurada no município a Igreja do Santíssimo Redentor, também conhecida como Igreja do Padre Pelágio.

Padre Pelágio Sauter (Foto: Pai Eterno / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Heitor Moraes Fleury: 1889-1972

Cemitério Santana – localização do túmulo: F 1332

O primeiro Juiz da Comarca de Goiânia está enterrado ao lado de familiares e da esposa, Josefina Caiado Fleury, com quem teve nove filhos. Segundo relato da filha, Maria do Rosário (Rosarita), em sua biografia, Heitor aos 18 anos ajudou a fundar o primeiro jornal literário da capital, que serviu de inspiração para diversos escritores como Cora Coralina. Em 1929, o bacharel em Ciências Jurídicas e amigo de confiança de Pedro Ludovico é nomeado Escrivão do Juízo Federal e torna-se presidente da sindicância no ano seguinte. O mais recente fórum de Goiânia recebeu seu nome como forma de homenagem.

Heitor Moraes Fleury (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Francisco Ludovico de Almeida Neto: 1927-2014

Cemitério Jardim das Palmeiras – localização do túmulo: D1050

Conhecido como “Chico Ludovico”, o fundador do curso de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Hospital Santa Genoveva, era totalmente contra a mecanização da profissão, costumava dizer que “Paciente não rima com número, rima com gente”. Quando adolescente, se dizia um aluno “mediano” e gostava de jogar sinuca no final das aulas. Francisco, que também sofria de Alzheimer, faleceu aos 86 anos, vítima de um câncer de próstata.

Francisco Ludovico (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Antônio Poteiro: 1925 – 2010

Cemitério Jardim das Palmeiras – localização do túmulo: O1384

Antônio Batista de Souza, ou Antônio Poteiro, como era conhecido, nasceu em Portugal e radicou-se em Goiânia. Para o professor Nilson Jaime, foi sua pintura peculiar “retratando o primitivismo” foi um dos fatores que fizeram Antônio Poteiro ser um dos maiores nomes da cultura goiana. Antônio começou a trabalhar cedo com escultura e cerâmica. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão “Presépio da Tartaruga” e “O Abraço”. Já em idade mais avançada, passou também a pintar, sob incentivo do artista Siron Franco. De acordo com Nilson Jaime, foi justamente o desabrochar da pintura em idade avançada que deu a Poteiro um “peso diferencial”.

Antônio Poteiro (Foto: Laart / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

 

Jaime Câmara: 1909 -1989

Cemitério Santana – localização do túmulo: K 2234

Apoiado pelo irmão mais velho, o filantropo, Jaime Câmara, fundou o que seria um dos mais importantes grupos de comunicação.  Em 1935, Jaime Câmara iniciou sua primeira tipografia, onde publicava um jornal em miniatura voltado para a política, o que atualmente é o jornal OPopular. Após a morte de seus irmãos, Jaime ficou responsável pela empresa, que se expandiu através de rádios e televisão. Além da comunicação, também foi de grande importância para entidades representativas de classe, sendo membro fundador da Associação Goiana de Imprensa e um dos principais fundadores da Fieg (Federação das Indústrias do Estado de Goiás). Além de atuar na prefeitura de Goiânia durante 2 anos. Durante sua gestão, Jaime criou escolas rurais, asfaltou ruas de Campinas, criou o Estatuto do Funcionário Público, entre outros.

Jaime Câmara (Foto: Reprodução / Jucimar de Sousa – Mais Goiás)