COMEMORAÇÃO?

Dia do Ciclista: perigos e desafios de quem pedala em Goiânia

Ciclistas relatam a falta de estrutura na capital como precariedade nas sinalizações, iluminação, além de poucas ciclovias e ciclofaixas na cidade

O Dia do Ciclista é celebrado no Brasil no dia 19 de agosto desde o ano de 2006. Em Goiânia, porém, a data não é motivo para comemoração. Quem é adepto do pedal precisa enfrentar, diariamente, a falta de estrutura da capital. Falta de ciclovias, ciclofaixas, iluminação e sinalização compõem a problemática daqueles que costumam pedalar pela cidade. Tais problemas, aliados à falta de respeito e conscientização de motoristas originam acidentes e causam medo nos ciclistas.

Envolvido com o ciclismo desde os 11 anos, o empresário Israel Martins encara o pedal como um estilo de vida. “É algo que relaxa, desestressa e faz sorrir”, diz. Contudo, a modalidade não possui apenas alegrias na capital. Ele ressalta que, muitas vezes, os ciclistas deixam a cidade para pedalar em outros municípios em razão da falta de estrutura.

Entre as problemáticas, Israel aponta a falta de sinalização e insegurança para transitar em Goiânia de bike. “Primeiro que falta ciclovias. Você começa a andar na T-63 e a faixa acaba muito rápido. É limitado. No Centro e em Campinas, por exemplo, nem tem isso. Na Anhanguera, o perigo é constante porque não há nenhum espaço para ciclistas”, criticou.

Segundo ele, também há problemas quanto à iluminação. Ele cita, por exemplo, a situação precária da GO-020, nas proximidades do autódromo de Goiânia. De acordo com o empresário, o local precisa de manutenção. “Falta iluminação. E não é só lá, o problema se estende para várias áreas de Goiânia e região Metropolitana. A BR-153 é uma escuridão total”.

Acidentes e roubos

Israel relata que acidentes e roubos a ciclistas são constantes. Ele conta que, há quatro meses, o funcionário da loja de bicicleta que possui foi atropelado justamente por conta da falta de iluminação e local ideal para pedalar. Ele precisou fazer uma cirurgia na coluna e, por sorte, está bem atualmente.

A sorte que Larissa de Jesus Egito infelizmente não teve. No último mês de julho, a jovem de 21 anos capotou a bicicleta após passar por um quebra-molas na ciclovia da GO-060. Ela teve traumatismo craniano e insuficiência respiratória, chegou a ser socorrida, mas foi a óbito no hospital.

Acidentes como o de Larissa revoltam e chocam os ciclistas. “São ocorrências que poderiam ser evitadas”, ressalta Israel. “Além dos acidentes, várias pessoas são assaltadas. Há vários relatos de amigos que foram vítimas de roubo porque simplesmente não tem qualquer segurança”.

Falta de consciência e educação

O organizador do grupo de pedal Hope Bike, Ronny Marcos, lamenta a falta de educação no trânsito. “Tanto de motoristas, quanto de ciclistas mesmo.” Ele explica que, por causa disso, o grupo, que tem cerca de 120 membros, migrou para as trilhas rurais.

Ronny explica que toda segunda o grupo rodava pela cidade, porém, com a pandemia a tradição foi interrompida e, por conta do trânsito, não foi retomada. “Temos promovido mais trilhas em espaços rurais. Na pandemia fizemos aumentar essa quantidade, promovendo mais a participação. Somos um grupo muito unido, muito próximo”, continua.

“As ciclovias são poucas e as regiões que têm não são tão expressivas. Estão aglomeradas em partes específicas da cidade e muitos não sabem onde encontrar.” Segundo dados da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT), Goiânia, atualmente, possui 94,07 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas.

(Foto: arquivo pessoal)

Plano Diretor

Em tramitação na Câmara, a expectativa de Ronny é que o Plano Diretor de Goiânia envolva não só a ampliação, mas políticas de educação no trânsito. O líder do governo Iris na Câmara, Welington Peixoto (DEM), explica que o projeto prevê diretrizes, mas não vincula obrigação.

Segundo o vereador, existe um capítulo destinado à ciclofaixas e afins, que propõe a integração com terminais. Além desta interligação, o texto também aponta a possibilidade de criar bicicletários nestes pontos de ônibus, a fim de facilitar a vida do ciclista. “Pode ir de bicicleta até o terminal e depois pegar o ônibus”, expõe.

Além disso, Peixoto diz que o Plano Diretor também permite, por meio das diretrizes, a ampliação dessas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Números, porém, não são colocados. “O Plano não obriga a nada. Dá diretrizes de como facilitaria o uso.”

Política

Ronny também comenta a expectativa de que, neste ano eleitoral, alguém “compre a pauta dos ciclistas. Mas esta não pode ser eleitoreira”, adverte. “Diante da pandemia, o pedal se tornou tendência mundial. Não promove aglomeração, facilita a mobilidade. Porém, precisamos tomar cuidado com alguém que queira tirar vantagens sem realmente comprar a pauta.”

(Foto: arquivo pessoal)

Ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas

Quem anda de bike sabe: ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas são coisas diferentes. A ciclofaixa é uma faixa pintada na rua para utilização exclusiva dos ciclistas, sem separação física de automóveis.

A ciclovia, por sua vez, também é exclusiva, mas possui uma barreira física de proteção que separa ciclistas de carros.

Já a ciclorrota é um espaço compartilhado entre carros, motos e bicicletas, com o desenho de uma bike pintado no asfalto. A preferência, apesar do local destinado a todos, é do ciclista.

Números

Em Goiânia, há 34,25 Km de ciclovias implantadas. Confira:

Av. Universitária/ Pç. Cívica: 3 km
Av. T-63/ Av. Circular: 6,4 km
Av. Assis Chateaubriand: 2,6 Km
Av. Couto Magalhães: 0,45km
Parque Flamboyant: 1,9Km
Parque Leolídio di Ramos Caiado: 1,8Km
Parque Macambira Anicuns: 16,6Km
Av. dos Alpes: 1,5Km
Ciclofaixas (19,1Km implantadas)
Lago das Rosas/ Zoológico: 3 km
Parque Areião: 2,5 km
Parque Vaca Brava: 1,2 km
Ligação Vaca Brava – Areião: 2,5 km
Ligação Lago das Rosas – Parque Vaca Brava: 5,5 km
Jardim Botânico: 3,2Km
Irisville: 1,2Km
Ciclorrotas (40,72Km implantadas)
Av. Cora Coralina até Av. T-63: 4 km
Corredor Rua 90 até Pç. Cívica: 3,6 km
Av. Contorno/Perimetral Norte ao Bairro São Carlos/ Av. dos Ipês: 19,62 km
Centro/Zona 40: 3,1 km
Jardim Botânico/Av. Circular: 1,75 km
Rua T-36 até Rua 15 e Rua 11: 2,5 km
Rua 9 até Rua T-37: 2,5 km
Pç. Felix de Bulhões /Av. T-63 até Av. Alpes: 3,65 km