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Diretora de colégio estadual é investigada por racismo e homofobia, em Valparaíso

A mulher também foi denunciada por crimes contra a honra e assédio moral

Quatro funcionários denunciaram que estão sendo vítimas de racismo, homofobia, assédio moral e crimes contra honra por parte da diretora de um colégio estadual de Valparaíso de Goiás. O coordenador da escola também foi denunciado por crimes contra a honra e por assédio moral. Os casos foram registrados na Polícia Civil na última quinta-feira (22). As identidades dos envolvidos não serão reveladas, assim como o nome da instituição de ensino.

Suenilson Saulnier, advogado que representa os funcionários, afirma que os crimes foram praticados contra: uma auxiliar de serviços gerais – limpeza (vítima de assédio moral, crimes contra a honra e racismo); um professor (vítima de homofobia); uma coordenadora (vítima de assédio moral e crimes contra a honra) e uma outra auxiliar de serviços gerais – que trabalhava na merenda e agora na parte da limpeza – (vítima de assédio moral e crimes contra a honra). O advogado revelou também que uma quinta vítima irá procurar a Polícia Civil nas próximas semanas. No entanto, as investigações já tiveram início.

Denúncias contra a diretora

Os casos vieram à tona, revela Saulnier, quando uma das auxiliares de serviços gerais disse para os seus colegas que tentaria suicídio em razão da violência psicológica sofrida por parte da diretora. Como eles também estavam sendo vítimas dos mesmos crimes – e quiseram preservar a vida da amiga -, decidiram procurar pelo profissional para denunciar os fatos.

O advogado afirma que trabalhadora da limpeza revelou que a diretora trabalha na escola há sete anos e era uma boa chefe no seu primeiro ano de mandato. Depois, entretanto, passou a praticar assédio contra os seus subordinados.

A auxiliar denunciou que o primeiro registro de violência psicológica aconteceu quando ela trabalhava na parte da merenda escolar e a colega que dava suporte na função não foi trabalhar. No dia, como tinha muito serviço para apenas uma pessoa, a funcionária revelou ter pedido ajuda a uma colega que trabalhava na equipe de limpeza à época. Quando a diretora as viu trabalhando, teria gritado com ambas, oportunidade em que teria dito que a merendeira “se virasse” com a preparação dos lanches.

Após o episódio, a diretora teria dito à merendeira que a mudaria de função. “A denunciada, então, lhe deu três opções: trabalhar na biblioteca, portaria ou na limpeza”, sublinhou Saulnier.

“Quando a vítima foi falar com o coordenador da escola, disse que queria trabalhar na biblioteca, mas o homem negou, afirmando que a diretora ressaltou que ela não tinha curso superior para atuar na área. Com a negativa, ela optou por ficar na portaria, mas o homem explicou que a chefe também havia dito que ela não tinha curso de vigilante – deixando subentendido que ela somente tinha a opção de trabalhar na limpeza”, relatou Suenilson.

Desde então, segundo o advogado, os casos de assédio por parte da diretora têm sido recorrentes. “Parece coisa de novela, mas ela passava o dedo onde a vítima limpava para saber se o local realmente estava limpo e depois xingava a mulher”, observa.

Racismo e homofobia

As denúncias de racismo e homofobia partiram da outra auxiliar de limpeza e do mencionado professor. Conforme expôs Suenilson, a diretora coagia a funcionária dizendo que iria tirá-la da escola e sempre a xingava de “negra nojenta”, “negra imunda”, dentre outras ofensas.

Em um certo episódio, a diretora teria dito para a vítima pegar uma banana e limpar o chão de terra rindo e a humilhando na frente de seus colegas. Ordenou, ainda, que não era para ninguém ajudá-la. A denunciada acusava a trabalhadora de roubar produtos de limpeza do colégio.

Já o professor, vítima de homofobia, relata que a diretora o chamava de “viado nojento” pelo fato dele ser homossexual.

Violência contra os alunos

Durante a denúncia, os funcionários revelaram que a diretora coloca as profissionais da limpeza para fingirem que estão fazendo a higiene dos banheiros com intuito de impedir que alunos acessem os locais. Em um certo dia, um dos alunos que foi impedido de adentrar o sanitário fez suas necessidades na roupa, conforme consta no registro de ocorrência .

Nota da Seduc

A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc- GO) informou em nota que os documentos serão remetidos à Corregedoria e Procuradoria Setorial da pasta para análise, averiguações e medidas legais cabíveis.

O advogado, porém, teme por uma possível represália por parte da diretora e do coordenador. “A defesa não entende porque até o presente momento não houve a abertura de um processo disciplinar e o afastamento cautelar dos dois gestores, para evitar constrangimentos e até mesmo episódios de coação dos denunciantes”, finalizou.

O Mais Goiás não teve acesso à identidade e defesa dos acusados. Entretanto, o espaço continua aberto para as devidas manifestações.