Após seis meses de investigações, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) indiciou o presidente Carlos Antônio Ramos de Alencar e mais 12 pessoas ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores do Município de Goiânia (Sindigoiânia) por crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. De acordo com a polícia, nos últimos oito anos o grupo desviou mais de R$ 30 milhões do Sindicato, que conta hoje com mais de 10 mil contribuintes.
Segundo o Delegado Breynner Vasconcelos, titular da Draco, Carlos Alencar, que comanda o Sindigoiânia desde 2004, criou a Federação de Serviços Públicos de Goiás (Fespug) e o Sindivapt exclusivamente para não levantar suspeitas no desvio de dinheiro do sindicato. O esquema, comandado por Carlão, contava também com a participação do vice presidente Mauro Zica Júnior, e de Osvaldo Rocha Conceição, que tinha cargo de diretor, mas na verdade era motorista do presidente.
De 2008 até agora, Osvaldo, que tem em seu nome uma camionete importada Hillux comprada com o dinheiro do Sindigoiânia, movimentou R$ 16 milhões em sua conta pessoal. “Observamos que todas essas 13 pessoas indiciadas se enriqueceram em um curto período, e foi exatamente o fato de adquirirem casas, apartamentos e carros de alto luxo que chamaram a atenção de alguns sindicalizados, que denunciaram, e felizmente conseguimos comprovar”, relatou o titular da Draco.
A Fespug e o Sindivapt, ainda de acordo com o delegado, tinham como diretores membros do Sindigoiânia ou parentes deles, e ainda que existissem de fato não teriam função, uma vez que ofereciam cursos que são de competência exclusiva do sindicato. “Ali era só para justificar o desvio, já que o Sindivapt pegava recursos do Sindigoiânia mas nunca funcionou”, concluiu Breynner Vasconcelos.
Durante a operação desencadeada na manhã desta sexta-feira (18/12), a polícia apreendeu na casa de uma secretária do sindicato R$ 106 mil em dinheiro. Além do presidente, vice presidente e do motorista, foram indiciados Maria Aparecida Alves de Jesus, Luiz Paulo Alves Calaça, Silvana do Carmo e Silva, Samyra Silva Valverde, Sandra Maria de Oliveira Zica, Mauro Zica Neto, Sandro Pereira Valverde, Petrônio Lima de Castro, Gabriel de Souza Arnulfo e Moicy Célia Pessoa.
Apesar de não terem sido presos, todos os indiciados já estão sendo monitorados por tornozeleiras eletrônicas, e não podem retornar ao sindicato e nem se aproximar dos demais diretores. A polícia também conseguiu junto à justiça confiscar alguns bens dos acusados, como um apartamento avaliado em R$ 1,8 milhões e mais de R$ 1 milhão em veículos e outros imóveis.