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Dirigir em velocidade acima da permitida é a infração mais cometida em Goiânia em 2022

Durante cerca de quatro meses, capital registou 222.756 infrações de trânsito

Dirigir com velocidade acima do permitido é a infração mais cometida em Goiânia em 2022 (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Dirigir em velocidade acima do permitido foi a infração mais cometida em Goiânia, de janeiro à parte do mês de abril de 2022. A informação é de um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Mobilidde (SMM) da capital, que registrou, ao todo, 222.756 infrações de trânsito. Deste total, 135.326 (60,7%) eram de motoristas que transitaram nas vias em uma velocidade superior à máxima permitida.

No levantamento, a SMM separou dez das infrações de trânsito mais recorrentes na capital. O primeiro lugar do ranking pertence ao excesso de velocidade nas ruas, mas outras violações também se destacaram. Por exemplo, em segundo lugar, com 24.934 casos, estão os condutores flagrados transitando pelas vias exclusivas ao transporte público.

Em sequência, estão infrações como ultrapassar o sinal vermelho (3° lugar com 15.006 casos), estacionar em locais inapropriados (4° e 5° lugar com 14.649 casos) e parar sobre a faixa de pedestres na mudança de sinal (6° lugar com 4.857 casos). Veja o ranking completo abaixo.

  1. Transitar com velocidade superior a máxima permitida, conforme o artigo 218 – 135.326 casos
  2. Transitar por faixa/pista destinada para veículos do transporte público, conforme artigo 184 III – 24.934 casos
  3. Avançar o sinal vermelho do semáforo, conforme artigo 208 – 15.006 casos
  4. Estacionar em local/horário proibido de estacionamento e parada proibidos, conforme artigo 181 XIX – 9.226 casos
  5. Estacionar em local/horário proibido especificamente pela sinalização, conforme artigo 181 XVIII – 5.423 casos
  6. Parar sobre a faixa de pedestres na mudança de sinal, confome artigo 183 – 4.857 casos
  7. Estacionar na calçada, conforme artigo 181 VIII – 4.667 casos
  8. Estacionar ao lado ou sobre canteiro central, conforme artigo 181 VIII – 3.584 casos
  9. Dirigir manuseando o celular, conforme artigo 252 – 2.908 casos
  10. Estacionamento rotativo, conforme artigo 181 XVII – 2.049 casos

Ao Mais Goiás, a SMM enfatizou que  todas as infrações registradas foram cometidas em vias com a sinalização completa. Isso porque, caso a via não esteja devidamente sinalizada, os agentes de trânsito nem podem autuar os motoristas.

Velocidade acima do permitido e seus riscos

A reportagem conversou com a Erika Kneib, que é arquiteta urbanista, mestre e doutora em transportes, para entender de que forma a violação das leis de trânsito pode ser perigoso, em especial, a condução de automóveis em uma velocidade acima do permitido. Segundo ela, apesar dos mais de 222 mil flagrantes de infrações de trânsito em Goiânia,  a capital ainda não fiscaliza o suficiente os motoristas no trânsito. Erika enfatiza que ‘em Goiânia, há um completo desrespeito às Leis de trânsito’ e que ‘fiscalizar também é uma forma de educar’.

“O desrespeito à lei de trânsito, principalmente à velocidade máxima permitida, é uma das maiores causas de eventos e ocorrências de trânsito. Não costumo chamar de acidente, pois raramente o evento de trânsito é acidental. Normalmente, ao desrespeitar a legislação, o motorista assume o risco de provocar um evento. E sabe-se que muitas pessoas ficam inválidas ou mesmo vêm a falecer a partir desse desrespeito”, argumenta a doutora.

Erika chama atenção para o fato de que quanto maior a velocidade do veículo envolvido em um evento de trânsito, mais severos são costumam ser os danos e, principalmente, maior costuma ser o risco de morte dos envolvidos. “Estudos mostram que em um atropelamento a 30km/h, há chance de 95% da pessoa sobreviver. Para 48km/h essa chance reduz para 55%. Com 64 km/h essa possibilidade de sobreviver cai para apenas 15%. Esses números dão ideia do risco que é dirigir em alta velocidade”, diz.

Existem algumas hipóteses que tentam justificar a quantidade expressiva de motoristas dirgindo acima da velocidade, em Goiânia. Erika menciona o fato de que ‘muitas vias de Goiânia são asfaltadas e largas, o que intui o motorista ao aumento de velocidade’.

“Por isso é tão importante pensar em outros tipos de pavimento e de desenho das vias, para que o motorista, mesmo intuitivamente, seja levado a dirigir mais devagar. Essas medidas são conhecidas como moderação de tráfego. Em Goiânia quase não temos exemplos de vias com moderação de tráfego. Além disso, a falta de fiscalização também é um fator que incentiva esse descumprimento”, considera a especialista.